Saturday, April 04, 2009

Ditadura da celebridade


Ainda sobre a ditadura da celebridade e sua influência sobre a sociedade, um dia desses, já faz um tempo, vi a Bruna Surfistinha no programa do Serginho Groissman, o Altas Horas.
A molecada na platéia via a moça como alguém que havia chegado lá. Uma adolescente a citou como exemplo de coragem.
O fato dela ser uma prostituta, ladra e drogada assumida não era levado muito em conta. O importante é que ela "estava" famosa.
Algum tempo depois uma revista para o público adolescente dava dicas às meninas que queriam seguir a carreira de Bruna.
Se mesmo uma celebridade efêmera e suspeita como a Surfistinha tem esse tipo de influência junto à juventude, imaginem o que o futuro nos reserva.
Imaginem por exemplo o fato de celebridades, cientes de seu poder, estarem cobiçando cargos públicos. Bem, Arnold Schwarzenegger e Jesse Ventura viraram governadores nos EUA. Clodovil virou senador no Brasil. Até a Gretchen quis ser vereadora. Quando teremos um ex-BBB deputado? Susana Vieira presidente? Decretando que garotões de 25 anos passem a andar só de sunga em lugares públicos?
Em o Aviador, Howard Hughes passa um descompostura em Katharine Hepburn e dispara: "Mas quem você pensa que é? Você não passa de uma atriz!"
Bons tempos aqueles em que famosos não eram a encarnação da Verdade.
Querem ver alguém enfrentando a fama com dignidade?
Em 2006, José Wilker declarou em entrevista ao Jornal da Tarde: "Por favor, não me peça opiniões políticas porque não me sinto qualificado para isso. No Brasil, as pessoas acham que os atores precisam ter opinião formada sobre tudo, até buraco de rua."
Falou e disse.

1 comment:

Lelec said...

A coisa tá feia, Fernando. A inversão de valores é total. Estudar, trabalhar, produzir intelectualmente, são muito pouco valorizados. O sucesso é medido pela capa da Caras e pela lente da Globo. Esse mundo é muito doido. Jogadores de futebol, cantores de pagode, bailarinas desavergonhadas, ganham fortunas e gente como eu e você passamos a vida nos equilibrando em orçamentos que não dão direito a estripulias.
Resta-nos tocar um tango argentino.
Abraço.
Lelec