Wednesday, April 22, 2009

Mulheres


Fui ao teatro assistir “Os Homens são de Marte...e é para lá que eu vou!”, um hilário monólogo de Mônica Martelli sobre as agruras da balzaquiana moderna à procura da tampa para sua panela. Sua personagem, Fernanda, é uma daquelas mulheres com mais de 30 anos, bela e bem sucedida que se decepciona irremediavelmente a cada vez que pensa ter encontrado o homem de sua vida.
Passam do “ele é tuuuuuudo de bom” ao “não era pra seeeeer!” em um piscar de olhos.
É engraçado notar como as mulheres ainda não sabem o que fazer com uma liberdade duramente conquistada durante séculos.
Hilary Mantel fala na New York Review of Books da obra History of Women - from Eve to Dawn, de Marilyn French, um calhamaço de quatro volumes e mais de 1800 páginas sobre a história da mulher no mundo. Pela crítica, a obra que levou quinze anos para ser concluída por French, é um rosário raivoso de desgraças onde mulheres são descritas como objetos, escravas, mercadorias, mão de obra barata e por muitas vezes como a encarnação do demônio ou algo parecido. Segundo French, o poder sobre uma mulher é frequentemente o único poder que um homem exerce, já que ele mesmo é dominado por outros homens. O pior é que isso ainda acontece no mundo atual, mesmo naqueles países ditos civilizados. Matrioshki é uma excelente série belga (no ar na HBO) sobre o horror do tráfico de mulheres arrancadas dos confins mais miseráveis da Tailândia, Indonésia, da antiga União Soviética e até do Brasil e levadas à prostituição nas capitais européias (Agora um revolucionário projeto de lei sueco pretende multar os homens que vão à procura das prostitutas nas ruas em vez de prender as desgraçadas que estão lá).
Mesmo assim, pelo menos no Ocidente, nunca uma mulher teve tanta liberdade nas decisões sobre a própria vida e o próprio corpo. E no entanto parecem perdidas com a liberdade sexual e indecisas em relação ao dilema carreira/maternidade.
O feminismo, ao invés de criar um melhor entendimento entre os sexos conseguiu por a mulher no lugar que homens ocupavam. E só. A Fernanda, Bridget Jones, as Sex and the City são esse retrato da mulher moderna e perdida. No fundo no fundo, apesar de toda a modernidade, o que elas querem mesmo é encontrar THE ONE, o homem utopia, aquele ser mitológico que só existe na cabeça delas e em marte.
Mulheres são muito mais poderosas do que pensam ser. Os gregos jogaram 300.000 navios no mar ao começar a guerra de Tróia por causa da bela Helena. O paciente inglês traiu a Inglaterra inteira por causa de uma mulher. Bao Si derrubou a dinastia Zhou na China com um sorriso. Cleópatra mudou a história de Roma. Joana d’Arc a da França.
E eu pelo menos acredito que o futuro é das mulheres. Women Power.
Não sei porque quando sonho com o futuro vejo um mundo habitado por zumbis, e a Milla Jovovich sempre aparece para me salvar, de bota e vestidinho vermelho. E tem alguma coisa mais sexy do que uma mulher de metralhadora na mão?

5 comments:

Frodo Balseiro said...

Fernando, assino em baixo!
Da resenha da peça, realmente hilária, e das suas considerações sobre o "perdidão" das mulheres!
Não sei se você ve, ou já viu, o Saia Justa do GNT, com a mulherada reclamando da vida, dos homens, da política, dos homens, do tempo, e dos homens, and on and on! Devo ser meio masoquista,pois as vezes assisto, me irrito, mesmo já sabendo que ia me irritar.
Mulher é um bicho muito estranho....só...que são tão adoráveis, gostosas, and on and on...

bete p.silva said...

Eu tenho pra mim que os homens só permitiram que a mulher bebesse/fumasse (só pra citar dois exemplos) porque viram uma excelente oportunidade de dobrar o consumo.

Quanto à procura, não é só a mulherada não, todos estão à procura de um herói/salvador/remidor.

Mas a mulherada exagera sim, na dependência. Em se achar um nada se não tiver um companheiro, pode ser um traste, isso não importa.

Mulher de metralhadora Fernandinho, vá ler um livro vai...

Luiz Felipe said...

Fernandão, melhor que metralhadora é mulher a cavalo, cabelos longos e espada na mão, sou das antigas... hehehehehe. Na verdade meu sonho era ser salvo pela Julia Ormond, ser o seu Lancelot... Bom, deixa os detalhes pra lá...
Abraços,
Bode

Sandra Leite said...

Fernandinho

Essa peça é muito boa mesmo. Ri demais. às vezes queria voltar pro século 18, outras fico bem a vontade por aqui mesmo. A vida não é cor de rosa e o Walt Disney criou o maldito mito do homem perfeito, do principe encantado. Ele não vem, já aprendi, pq nao existe mesmo. Ainda bem que existem Fernandinhos por aí, com extremo bom humor. E inteligente!

Quem mandou a mulherada queimar os sutiens?:D

beijos


PS: brinquei muito, mas o assunto é mais sério. Nunca pensei q ser mulher fosse tao complicado.

E pro Frodo: o homens estão mandando muito mal ultimamente. Ainda assim, irresistíveis:)

beijos

Alessandra said...

Meu irmão pensa como o Frodo: diz que as mulheres são gostosas demais e por isso as perdôa sempre, até as feministas.

E vc Fernando, é um Sr. Príncipe. Todo cheio de modéstia, sendo que é o verdadeiro príncipe encantado, gentleman e Lord. Parabéns para a Jú!