Saturday, April 29, 2006
Por falar em democracia
O Irã pôs o Ocidente em uma sinuca. Se não fazemos nada, lá estarão eles desenvolvendo uma bomba atômica e ainda repassando a receita a países como o Sudão. Se os atacamos vamos sancionar suas justificativas para ter uma bomba e para replicar ataques. Além do que, criaremos legiões de voluntários suicidas prontos a embarcarem em nossos metrôs.
Ouvi Condolezza Rice falar de seus novos planos para o Irã. Sem vontade de engajar um novo front de batalha a idéia agora é de financiar toda e qualquer oposição política ao regime.
O modelo para a empreitada é o que aconteceu na revolução laranja na Ucrânia no ano passado, e o que quase aconteceu na Bielorrússia este ano.
O projeto todo baseia-se no princípio de que a democracia não pode ser imposta a um povo. Ele deve ser antes de tudo desejada.
Está certo. A democracia é por enquanto o mais justo sistema de governo que temos, mas aplicá-la a tudo como um remédio milagroso pode ser um erro.
A democracia hoje no Egito fatalmente levaria a Irmandade Muçulmana ao poder, a mesma organização que está perseguindo cristãos coptas no país e assediando mulheres que não usam o véu. Foi a democracia que levou o Hamas ao poder na Palestina. Apesar de meu total apoio ao movimento que pede a queda do rei do Nepal, uma guerrilha maoísta no poder não seria evolução alguma .
Nem todas as revoluções levam obrigatoriamente a uma evolução. Algumas querem e nos fazer voltar atrás na história. Exemplos disso são a própria revolução islâmica no Irã, a revolta da vacina no Rio de Janeiro durante a presidência de Rodrigues Alves e a recente revolta dos estudantes franceses contra a lei do primeiro emprego.
Para que a democracia seja desejada, é preciso em primeiro lugar que indivíduos possam expressar livremente suas opiniões. Agora para que indivíduos tenham opiniões, é necessário que eles tenham livre acesso a informação.
Quanto mais iranianos tiverem acesso à internet, quanto mais livros chegarem e circularem no país, quanto mais iranianos conseguirem estudar fora, maiores serão as chances de se livrarem deste negro futuro que se anuncia.
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