Monday, August 14, 2006

Globalização do terror


Os líderes da comunidade islâmica na Inglaterra escreveram uma carta endereçada ao Primeiro Ministro e ao governo britânico em reação ao complô terrorista da semana passada para derrubar aviões usando explosivos líquidos em pleno ar.
A conclusão e a idéia central da carta é que os ingleses estariam sendo alvos de atentados por pura culpa da política externa britânica, que por este motivo deveria ser mudada. Ou seja, o Reino Unido teria que se retirar do Iraque e do Afeganistão e deixar de apoiar Israel e os EUA.
Há duas cretinices grandes aqui. A primeira é que EUA e Inglaterra não estavam no Afeganistão ou no Iraque antes do 11/09, e mesmo assim foram alvos de atentados terroristas. Aposto que as maiores expectativas de George W. Bush enquanto cumpria seu mandato eram jogar golfe e arrumar algumas vantagenzinhas para seus amigos lobistas. Só tomou coragem depois dos aviões nas torres.
A segunda cretinice é a suposição de que um país tenha que mudar sua política pela vontade ou por medo de ameaças de terroristas. A política numa democracia como a Inglaterra tem que decidir por si só se deve intervir ou não em assuntos internacionais, baseando-se para isso nos valores morais que guiam nossa civilização: democracia, liberdade de expressão, direitos humanos. E tem que aguentar as consequências dessa decisão. Ou deveria Churchill ter aceito uma ocupação nazista na Grã-Bretanha só para evitar vítimas de bombardeios?
Mas a ameaça do terrorismo traz uma mudança de paradigma sim, já que o inimigo vem de dentro. A maioria dos presos envolvidos no plano terrorista eram cidadãos britânicos de origem paquistanesa. Faz pensar que há algo de podre no reino da Inglaterra. Depois de décadas de imigração, os imigrantes não se sentem em casa. Tolerados mas não aceitos, e esse é o dilema Tostines da maioria dos países europeus hoje. Os imigrantes se marginalizam e se radicalizam na Europa porque não são aceitos ou não são aceitos porque eles mesmo se põe à parte da sociedade? À debater.
Enquanto isso volto a São Paulo e ao terrorismo brasileiro, imposto pelo PCC, o partido do Crime. Assim como o Hezbollah, o Hamas e os xiitas iraquianos, agora até sequestro de jornalista e imagens encapuzadas na TV estão usando. A globalização funciona também para o terror. Assim como a Al Qaeda decidiu a eleição espanhola, o PCC quer decidir a eleição paulista, e quiçá a brasileira.
Há uma decisão moral a ser tomada pelo Estado brasileiro, e ela é só uma, acabar com o PCC. Uma lição para o governo federal e para o governo de SP: o atentado na Inglaterra só foi evitado por causa dos serviços de inteligência.
Pode parecer piada, mas algumas semanas depois do 11/09 chegou um boato à Casa Branca de que uma bomba atômica de terroristas estava viajando em um trem que ia de Pittsburgh à Philadelphia. A informação foi rastreada como telefone sem fio às avessas e descobriram que tudo surgiu quando alguém escutou a conversa de dois sujeitos em um mictório público ucraniano.
Estamos longe disso, mas alguém deveria monitorar as conversas de presos e seus advogados e mulheres, alguém deveria obrigar operadoras a instalar bloqueadores de celulares em presídios e alguém deveriam impedir que juízes cretinos deixassem criminosos do PCC irem passear de férias no dia dos pais.

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