Tuesday, July 31, 2007

Lei Rouanet para blogueiros


Entrei na campanha do KibeLoco. Afinal se a Bruna Surfistinha, a Vanessa da Mata e o Guilherme Fontes podem arrecadar uma grana com a lei de incentivo à cultura porque eu não?
Ou será que o governo só financia quem fala bem dele?

El Laberinto del Fauno


Assisti ontem ao filme de Guillermo del Toro, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O filme, descrito normalmente como sendo do gênero fantasia na verdade é um drama de guerra sombrio e dramático.
Ao final da Guerra Civil na Espanha de 1944, rebeldes republicanos ainda lutam nas montanhas contra as tropas do general Franco. Ofélia é a jovem enteada de um capitão fascista e sádico obcecado em exterminar os guerrilheiros.
Cercada por guerra, indiferença e crueldade, Ofélia refugia-se em um mundo de fantasia, de fadas e monstros. Ele vive suas aventuras, e instruída por um fauno misterioso cumpre as tarefas que lhe são dadas esperando chegar a uma espécie de terra prometida. Um reino mágico onde ela é princesa e onde não se entra derramando sangue inocente.
Enfrentando seus monstros fictícios ela acaba enfrentando também seus monstros mais reais, o capitão seu padastro, a perda da mãe, a guerra, o medo.
Um filme onde dois mundos se misturam como pinturas de Goya na cabeça de uma criança. Um conto de fadas sim, sangrento, triste e belo.

Sunday, July 29, 2007

Presos dançarinos


Este vídeo de prisioneiros Filipinos já virou sucesso no You Tube. Ser preso já é ruim. Ser obrigado a dançar Michael Jackson em coreografia é um motivo a mais para não entrar para o crime....
Brincadeiras à parte parece que eles se empolgaram com a dança e ensaiaram vários outros hits. Umas das condições essenciais para nos sentir humanos é ter um objetivo na vida. A prisão normalmente destrói essa possibilidade.
Desde há uns meses um novo restaurante na Itália tem feito muito sucesso. Come-se dentro de uma prisão e cozinheiros e garçons são ex-mafiosos e assassinos. O livro o Vinho e a Guerra conta a história de franceses em um campo de prisioneiros alemães na Segunda Guerra Mundial, cuja única motivação para viver durante um ano foi organizar um festival de degustação de vinhos.
Embora a cadeia seja uma punição, privar seres humanos de perspectivas ou objetivos não pode levar a nada de bom. Eles acabam buscando os únicas perspectivas que conhecem, o crime. É preciso dar a eles algum outro objetivo que os livre desse destino, mesmo que o objetivo seja dançar Michael Jackson.

Das Leben der Anderen


Assisti hoje o filme alemão Das Leben der Anderen (A vida dos outros) do diretor Florian Henckel von Donnersmarck. O filme, ganhador do Oscar de mellhor filme estrangeir este ano e recordista em indicações nos festivais de cinema alemão é provavelmente um dos melhores filmes europeus que já vi. Na antiga a Alemanha Oriental, um autor de teatro, Georg Dreyman, é posto sob escuta pela Stasi, a polícia política do Partido Comunista. O filme mostra a atmosfera sufocante em que viviam os alemães da D.D.R., eternamente vigiados e policiados pelos membros do partido. Abalado pelo suicído de um amigo condenado ao ostracismo pelo regime, Dreyman decide desmascarar a D.D.R. em um texto que será publicado em jornais ocidentais. Enquanto isso disputa sua amante e musa com um poderoso Ministro do Partido, o mesmo que decidiu vigiá-lo. E o oficial da Stasi encarregado de escutar todos os passos de Dreyman é alguém cuja vida é tão vazia que acaba assumindo as emoções de quem ele deveria vigiar. É uma história incrível e dramática de amor e liberdade. Imperdível.

32 anos


E quando me olhei no espelho achei tão estranho. A minha barba estava deste tamanho...É meu aniversário de 32 anos. Idade estranha. Nas duas semanas passadas visitei 3 bebês recém-nascidos, filhos de amigos, e há outros ainda por vir. Outro dia (não hoje!) vi John Mclane no cinema aos 52 anos saltando de carros em movimento, pulando de um caminhão para cima de um avião de caça e do avião para um viaduto desmoronando. Eu aos 32 tenho tendinite jogando squash. Preciso fazer regime e controlar meu colesterol. Apareceram alguns fios brancos na cabeça. Preciso decidir se fico na Europa ou se volto para o Brasil. Quero escrever um livro. Quero fazer um filho. Preciso decidir o que quero para o resto da minha vida. Dá para tomar uma Heineken antes?
Ganhei de minha esposa uma cafeteira napolitana. Vou comprar eu mesmo uns filmes antigos e uns cd’s de jazz. Jantamos em um delicioso restaurante espanhol perdido em um beco de Haia e fomos ao cinema ver um belo filme. O que alguém precisa mais na vida além de bom café, boa comida, bons filmes, boa música e boa companhia?
Will you still need me, will you still feed me, when I'm sixty-four?
Há tempos conversando com um tio médico, falávamos de expectativa de vida. Ele me contava de uma pesquisa médica sobre pessoas que viviam até os cem anos. Nenhuma delas nunca tinha se preocupado com dietas, carboidratos, exercícios, vitaminas ou coisa que o valha. O que tinha em comum é que viviam todas pacificamente, seja no interior do Brasil, ou em uma aldeia perdida na França ou no Japão. Nenhuma delas jamais conheceu um engarrafamento de trânsito, ou se preocupou com as ações da bolsa e a cotação do dólar. Concluímos que longevidade está ligada a falta de stress.
Well, pela profissão que escolhi stress é o que não me falta. Nessa altura da minha vida tenho inúmeras responsabilidades a assumir e escolhas a fazer. Preciso ao menos tentar não me estressar. Por isso preciso da minha esposa, minha família, meus amigos, meus livros, meus filmes, meu café...Tantas pequenas coisas que já tenho que não preciso mais nada de aniversário. Deitado de barriga para cima e pensando na vida, descobri que hoje estou suficientemente feliz e sem stress.

Wednesday, July 25, 2007

Hungry Planet II

Turkey: The Celiks of Istanbul
Food expenditure for one week: 198.48 New Turkish liras or $145.88
Favorite Foods: Melahat's Puffed Pastries

Greenland: The Madsens of Cap Hope
Food expenditure for one week: 1,928.80 Danish krone or $277.12
Favorite Foods: polar bear, narwhal skin, seal stew

France: The Le Moines of Montreuil
Food expenditure for one week: 315.17 euros or $419.95
Favorite Foods: Delphine Le Moine's Apricot Tarts, pasta carbonara, Thai food

Canada: The Melansons of Iqaluit, Nunavut Territory
Food expenditure for one week: US$345
Favorite Foods: narwhal, polar bear, extra cheese stuffed crust pizza, watermelon

Mali: The Natomos of Kouakourou
Food expenditure for one week: 17,670 francs or $26.39
Family Recipe: Natomo Family Rice Dish

United States: The Fernandezes of Texas
Food expenditure for one week: $242.48
Favorite Foods: Shrimp with Alfredo sauce, chicken mole, barbecue ribs, pizza

India: The Patkars of Ujjain
Food expenditure for one week: 1,636.25 rupees or $39.27
Family Recipe: Sangeeta Patkar's Poha (Rice Flakes)

Luxembourg: The Kuttan-Kasses of Erpeldange
Food expenditure for one week: 347.64 Euros or $465.84
Favorite Foods: Shrimp pizza, Chicken in wine sauce, Turkish kebabs

Guatemala: The Mendozas of Todos Santos
Food expenditure for one week: 573 Quetzales or $75.70
Family Recipe: Turkey Stew and Susana Perez Matias's Sheep Soup

Australia: The Browns of River View
Food expenditure for one week: 481.14 Australian dollars or US$376.45
Family Recipe: Marge Brown's Quandong (an Australian peach) Pie, Yogurt

Hungry Planet I

O livro Hungry Planet, What the World Eats é o trabalho dos fotógrafos Peter Menzel e Faith d'Aluisio. Uma fantástica visita a famílias do mundo todo entrando pela porta da cozinha.

Germany: The Melander family of Bargteheide
Food expenditure for one week: 375.39 Euros or $500.07
Favorite foods: fried potatoes with onions, bacon and herring, fried noodles with eggs and cheese, pizza, vanilla pudding

Bhutan: The Namgay family of Shingkhey Village
Food expenditure for one week: 224.93 ngultrum or $5.03
Family recipe: Mushroom, cheese and pork

Great Britain: The Bainton family of Cllingbourne Ducis
Food expenditure for one week: 155.54 British Pounds or $253.15
Favorite foods: avocado, mayonnaise sandwich, prawn cocktail, chocolate fudge cake with cream

Mongolia: The Batsuuri family of Ulaanbaatar
Food expenditure for one week: 41,985.85 togrogs or $40.02
Family recipe: Mutton dumplings

United States: The Caven family of California
Food expenditure for one week: $159.18
Favorite foods: beef stew, berry yogurt sundae, clam chowder, ice cream

Ecuador: The Ayme family of Tingo
Food expenditure for one week: $31.55
Family recipe: Potato soup with cabbage

Egypt: The Ahmed family of Cairo
Food expenditure for one week: 387.85 Egyptian Pounds or $68.53
Family recipe: Okra and mutton

Poland: The Sobczynscy family of Konstancin-Jeziorna
Food expenditure for one week: 582.48 Zlotys or $151.27
Family recipe: Pig's knuckles with carrots, celery and parsnips

China: The Dong family of Beijing
Food expenditure for one week: 1,233.76 Yuan or $155.06
Favorite foods: fried shredded pork with sweet and sour sauce

Mexico: The Casales family of Cuernavaca
Food expenditure for one week: 1,862.78 Mexican Pesos or $189.09
Favorite foods: pizza, crab, pasta, chicken

United States: The Revis family of North Carolina
Food expenditure for one week: $341.98
Favorite foods: spaghetti, potatoes, sesame chicken

Kuwait: The Al Haggan family of Kuwait City
Food expenditure for one week: 63.63 dinar or $221.45 Family recipe: Chicken biryani with basmati rice

Chad: The Aboubakar family of Breidjing Camp
Food expenditure for one week: 685 CFA Francs or $1.23
Favorite foods: soup with fresh sheep meat

Italy: The Manzo family of Sicily
Food expenditure for one week: 214.36 Euros or $260.11
Favorite foods: fish, pasta with ragu, hot dogs, frozen fish sticks

Japan: The Ukita family of Kodaira City
Food expenditure for one week: 37,699 Yen or $317.25
Favorite foods: sashimi, fruit, cake, potato chips

Tuesday, July 24, 2007

Fraude?



César Maia denuncia em seu blog algo de que ele mesmo foi testemunha:

Transcrevo, mudando os termos para evitar identificação, informação recebida de um alto dirigente da TAM:

Sobre a informação de um diretor da TAM acerca de um dos reversos da turbina, que foi divulgada pelo Jornal Nacional da TV Globo e que tanta polêmica gerou dando uma justificativa ao governo, posso afirmar -pois sou testemunha- que um alto personagem do governo contatou a alta direção da empresa (TAM) dizendo que ou eles davam uma boa saída ao governo, ou ele (alto personagem), garantia que baixada a poeira, o governo iria quebrar a TAM. Foi um problema, pois admitir qualquer coisa dessas seria assumir o seguro dos passageiros sem seguradora, o que levaria a uma grave situação financeira. A saída encontrada foi dar uma explicação que do ponto de vista técnico e do mercado segurador, não muda nada. O governo com isso teria garantida uma saída "honrosa" e a TAM ficaria coberta, pois o não uso eventual de um dos reversos é fato regular. Afirmo mais: o top, top, top do senhor Marco Aurélio Garcia, não foi pela surpresa. Ele sabia que viria a matéria e simplesmente fez os gestos como se confirma uma operação. Tradução do top, top: - É isso aí. Fu.......mos, eles. Clique abaixo e veja esta matéria do JN de sábado, e especialmente o que diz o ultimo piloto entrevistado. É essa entrevista que vale. O JN, imagino eu, sentiu que foi usado, e com essa matéria compensou a matéria anterior do reverso da turbina. http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM704584-7823-PILOTOS+FALAM+SOBRE+AS+DIFICULDADES+PARA+SE+POUSAR+EM+CONGONHAS+SP,00.html

Sunday, July 22, 2007

Dave Brubeck - On His Chords & Notes


Dave Brubeck é o meu novo companheiro da madrugada. Um dos mais conhecidos pianistas de jazz de todos os tempos, só agora encontrei esse cd...
Pra quem gosta:

Vélo libre


Em 15 de julho passado, a cidade de Paris lançou um plano para por à disposição de seus cidadãos 10.000 bicicletas distribuídas em mais de 1.400 pontos na cidade, mais ou menos uma estação de aluguel a cada 300 metros. Por € 1 por dia ou € 5 a semana, você pega a bicileta em um ponto e a devolve no ponto que quiser. A idéia do prefeito Bertrand Delanoë é que a população desista de usar carros no caótico trânsito parisiense e opte por um meio mais saudável, flexível e ecológico de transporte.
Em uma cidade quse plana, sempre atormentada por engarrafamentos e com o sistema público de transporte no limite, a idéia parece muito boa, mas ainda há gente que diga que isso vá atravancar mais ainda o trânsito e deixá-lo mais perigoso com ciclistas birutas invadindo ruas e calçadas.
Realmente este sistema requer um mínimo de civilidade no trânsito, algo que a Holanda tem de sobra, mas os parisienses não. Mesmo assim a idéia está sendo copiada em várias outras cidades na França, Espanha e Bélgica. Se funcionar em Paris, pode ser até uma futura esperança para São Paulo....Quando o trânsito de São Paulo ficar civilizado, ou seja... E se não roubarem as bicicletas, ou seja...Ah deixa pra lá.

Transformers


Certa vez, quando eu devia ter uns sete anos de idade, quis brincar com o carrinho de controle remoto de um garoto que encontrei na rua. Ele se recusou a emprestá-lo dizendo que aquilo não era brinquedo de pobre. Não que eu fosse assim tão pobre, mas percebi que aquilo era só uma outra maneira de dizer eu tenho e você não tem. Embora eu nunca tenha tido um carrinho de controle remoto arrumei outras coisas com que me divertir. E felizmente até hoje não dou a mínima para carros.
Quando o desenho e os carrinhos Transformers que viravamo robôs apareceram no mercado eu também não me empolguei, e nunca cheguei a pedir um desses de presente. Na verdade não via muita graça naquilo.
Esta semana fui assistir ao filme dos Transformers. De vez em quando assisto a um blockbusters desses só para me divertir por uma hora e esquecer depois.
Se eu tivesse treze anos eu diria uau, best film ever!! O filme realmente é divertido, engraçado e com super efeitos especiais, e provavelmente a garota mais gostosa que já apareceu em um filme para adolescentes em toda a história do cinema, e que atende pelo nome sexy de Megan Fox. Mas sinceramente creio que não tenho mais idade para isso. Muito barulho provavelmente, minha vida anda precisando cada vez mais é de silêncio.
Mas o que me impressionou nesse filme não foram os carros e máquinas que se transformam em super robôs alienígenas e a absurda luta fratricida entre Decepticons e Autobots em busca do Cubo sagrado. O filme mostra outras máquinas, extremamente reais como caças F22, helicópteros Black Hawks, tanques, aviões de vigilância sem piloto, aviões radares Awacs, o Air Force One, mísseis guiados a laser, armas automáticas, além dos caminhões e carros da General Motors.
Não se enganem, há uma mensagem subliminar perigosa e importante neste filme. São os americanos dizendo ao mundo: olhem as nossas máquinas, nós temos e vocês não tem...Seus pobres, nem pensem em brincar com elas...

NUBE DE NADA


Hay un lugar en que la vida tiembla

ante el viento y la noche

igual que un pensamiento equivocado.

Un lugar de cristal que alguien ha roto

y en que ya no andará descalza la inocencia.

Un lugar en que flota

el cadáver de un niño ahogado en un mar de relojes

que giran con el dolor de los juguetes averiados.

Y ese mar suena a orquesta de difuntos que interpreta

las partituras indescifrables del tiempo.

Y hay un baile de espectros incesantes,

y sus rostros son los mismos de aquellos

que andaban por la casa, que hablaban de viajes y países,

que traían regalos de ultramar, cuando tenía

antifaces la vida, y era la dama loca

que se abría como una flor de nieve

cada día en los ojos

que miraban asombrados los naufragios

de los buques fantasmas,

el vuelo de las cometas en la playa errabundas

y la fugacidad

de los castillos de pólvora, al final de los veranos eternos,

cuando se desgarraban los toldos por el viento y volaban

por las calles vacías los sombreros perdidos,

plumas de gaviotas y arenisca, los jirones

de carteles de cines y de circos

que traían el silbido de las balas,

la furia de las fieras

y los ojos vendados del lanzador de cuchillos

ante la ruleta de la muerte.

Hay un lugar en que aún suenan

los broncos abordajes de piratas a los barcos británicos,

el rugido de tigres de Bengala

y la sonrisa rota

de los magos de Holanda y de Turquía.

Hay en ese lugar

imágenes borrosas de mujeres

en cuartos de hotel, en asientos

traseros de unos coches furtivos, parados en los bosques

como brillantes amuletos de juventud;

imágenes borrosas de mujeres

en alcobas prestadas, en pasillos

de edificios que tienen

la condición de laberintos recordados.

Hay un lugar en que recorren

las sierpes del rencor la arena blanca.

Hay un lugar en que todo está dicho

y todo está perdido.

Y ese lugar —apréndelo— es tu corazón.

Felipe Benítez Reyes

Canalhas


Este vídeo teria que ser reproduzido aos milhões, teria que chegar a todos os lares brasileiros, pois ele resume toda a canalhice do governo do PT.
Enquanto um país chora a pior tragédia aeronáutica da sua história, os assessores do presidente só pensam em livrar a cara do chefe.
Nesse vídeo, quem eles pensam que se f... somos todos nós. Quem precisa de terroristas quando temos gente como essa no poder?



Friday, July 20, 2007

Editorial do Estadão - Quinta feira 19/07


Desastres de aviação, dizem os especialistas, sempre têm mais de uma causa. Com a tragédia do Airbus da TAM não é diferente. As causas são a incompetência, desídia, leviandade, ganância e corrupção presentes no sistema de transporte aéreo brasileiro. Perto desses fatores estruturais, eventuais falhas técnicas, ou do piloto, na origem da catástrofe de anteontem em Congonhas são dados acessórios. Essencial é o descalabro que permite o funcionamento a plena carga do maior aeroporto brasileiro numa área já abarcada pelo centro ampliado de São Paulo; a recusa das companhias aéreas em reduzir as suas operações ali, ou ao menos desconcentrá-las dos horários de pico; a submissão cúmplice da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aos interesses das empresas que dominam o setor; a calamidade administrativa, a politicagem e a fraude endêmica na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).Tudo isso sob os olhos - e a responsabilidade objetiva - de um governo cujo presidente só quer ouvir o som da própria voz e continua a repetir hoje o que, horas antes do terrível acidente, admitiu fazer no passado - “a quantidade de coisas que eu falei e falava porque era moda falar, mas que não tinha substância para sustentar na hora em que você pega no concreto”. E que traça ele próprio o retrato acabado de sua gestão ao confessar que “em determinados cargos (...) a gente faz quando pode e, se não pode, deixa como está para ver como é que fica”. No dia 29 de setembro do ano passado, 154 pessoas morreram no que foi, até às 18 horas e 45 minutos de anteontem, o maior desastre aéreo da história brasileira. Desde os 154 mortos da tragédia da Gol até as duas centenas de mortes desta terça-feira, descontado o palavrório entorpecedor de todos quantos têm parte com os problemas da aviação comercial no País - e com as possíveis soluções para eles -, continuou-se na estaca zero em matéria de “pegar no concreto” para melhorar os padrões de segurança de vôo no território. Para todos os efeitos práticos, “deixou-se como está para ver como é que fica”.

Thursday, July 19, 2007

De luto


Estive em Congonhas em maio passado. Da sacada do meu hotel ali perto via os aviões subindo e descendo em meio aos prédios da megalópole paulistana e em meio às notícias do apagão aéreo eu juro que pensei naquele momento na tragédia que seria se outro avião caísse ali no meio.
Aconteceu, e menos de dez meses depois do acidente da Gol. Dez meses durante os quais assistimos impotentes a um espetáculo de incompetência do governo. Controladores aéreos, Anac, Infraero, Ministério da Defesa foram incapazes de se entender e de tomarem decisões para acabar com o caos e dar um mínimo de confiança aos passageiros.
O empurra empurra em Brasília para botar a culpa em alguém já começou, mas eu não preciso esperar as investigações para saber o resultado. A culpa vai ser do piloto que morreu, como a culpa do acidente da Gol foi parar nas costas dos americanos que nem estão mais no país.
Não interessa se no caso da Gol o contrôle aéreo não funcionou como deveria, ou se no caso da Tam a Infraero liberasse uma pista que não estava pronta. Não interessa que o governo tivesse investido primeiro na decoração do terminal de Congonhas e só depois na segurança das pistas, que em dias de chuva é chamada pelos pilotos de Holiday on Ice. Não interessa que já se soubesse há dez anos que o aeroporto de Congonhas tem uma pista curta demais e que estava sobrecarregado há muito tempo, e isso no coração da maior cidade do país.
O piloto pode ter errado ? Sim. Mas a tragédia teria acontecido caso os erros acima tivessem sido corrigidos? É tarde demais para saber, não é ?
Durante dez meses ouvimos Guido Mantega declarar que o caos era fruto do crescimento econômico, ouvimos José de Alencar pedindo paciência, e ouvimos Marta Suplicy dizendo relaxa e goza, e vimos Lula sem fazer nada…Todos os dias somos nós, ou nossos parentes, ou nossos amigos arriscando a pele, amargando horas de espera, perdendo tempo, dinheiro, oportunidades e nos piores casos a vida. Essas pessoas estão todas ali a trabalho, ou em férias, tentando simplesmente cuidar da família, e o que recebem em troca é desrespeito, cinismo, escárnio.
A viúva de Lamarca recebeu mais de um milhão de reais em indenizações. As viúvas da Tam e da Gol vão receber uma banana do governo.
Lula há uns dias foi vaiado no Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos. Os petistas saíram desesperados à procura de evidências que mostrassem que a vaia foi organizada, armada, ensaiada. Não encontraram. Não senhores, a vaia foi espontânea, não saiu dos miséraveis comprados com o Bolsa Família, e nem dos nababos do Partido ou dos banqueiros e empreiteiros que lucram com a sua administração. Saiu de gente trabalhadora e cansada da lama. Não é só do Maracanã, é do Brasil inteiro que lhe estão vaiando neste momento. Eliane Cantanhêde afirmou e com razão na Folha que o que explodiu não foi só o Airbus da TAM. Foi também o resquício de credibilidade que ainda sobrava do sistema de vôo no país e a capacidade de o governo, no seu conjunto de órgãos responsáveis, gerir a situação. A jornalista se pergunta, como eu, e como todo mundo : "Quando vai ser o próximo?"

Wednesday, July 18, 2007

Copa América


Olha aí o Brasil campeão da Copa América! Com esse futebolzinho feio "de resultados"que dá vergonha ao brasileiro e se tornou a marca registrada do estilo Parreira-Dunga, inexplicavelmente os queridinhos da CBF.
Na foto quase todos são jovens e desconhecidos. Talvez seja por isso que ganhamos...
Mas não se preocupem, até a Copa de 2010 vai dar tempo suficiente para que eles fiquem todos milionários e se preocupem mais com seus contratos publicitários do que com a torcida. Como Kaká e Ronaldinho que ficaram em casa nessa Copa América alegando cansaço. Cansados de ganhar dinheiro.
Aí veremos de novo aquele espetáculo medíocre como vimos na Alemanha ano passado...

Sunday, July 15, 2007

A queda da Mesquita Vermelha


Sob as ordens do General Pervez Musharraf, soldados paquistaneses invadiram a Mesquita de Lal Masjid, a mais antiga de Islamabad onde estavam sitiados há dias fanáticos islamistas usando mulheres e crianças como escudos humanos.
Segundo a versão oficial houve ao menos uma centena de vítimas.
Havia tempo que a Mesquita Vermelha tinha se tornado o centro do islamismo no Paquistão. É dali que os dois irmãos que controlavam a Mesquita tentavam espalhar as idéias de Osama Bin Laden em Islamabad usando para este fim sequestros, vandalismo e assassinatos.
Sara Daniel, na Nouvel Observateur pergunta porque Musharraf tolerou tanto tempo que fanáticos procurados pela polícia agissem livremente a partir de Lal Masjid. Ela presume que com a popularidade em baixa no Paquistão, Musharraf teria usado o episódio primeiro para declarar o estado de urgência que adiou eleições que lhe seriam desfavoráveis, e em segundo para mostrar aos americanos o perigo do fundamentalismo no Paquistão conseguindo mais apoio militar e financeiro.
A verdade é que o tiro pode sair pela culatra, com os criminosos fanáticos transformados em mártires o perigo do islamismo é cada vez maior. O Paquistão virou uma bomba relógio disputado entre a ditadura de Pervez Musharraf de um lado e a Al Qaeda e seus fanáticos do outro. A democracia é um sonho distante, mas nessa salada toda até Benazir Bhutto, a ex-presidente exilada acusada de corrupção que ameaça voltar ao país para se candidatar. Nas mãos de quem o arsenal atômico do país vai parar?

Nothing Else Matters


Metallica e a Orquestra sinfônica de San Francisco.
Composição: James Hetfield/ Lars Ulrich


So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters

Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know

So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know

I never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
Holy words I don't just say
And nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters

Never cared for things they say
Never cared for games they play
I never cared for what they do
I never cared for what they know
And I know yeah!

So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

The Pursuit of Happiness


A constituição americana inclui a declaração escrita por Thomas Jefferson de que todo homem tem direito à liberdade e à busca da felicidade.
O filme de Gabriele Muccino com Will Smith conta a história real de Chris Gardner, um zé-ninguém decidido a mudar o próprio destino batalhando por sua família e buscando a felicidade. A grande lição da história de Gardner é a de que a felicidade não vem sem esforço, e que se há alguém capaz de tirá-lo da infelicidade é você mesmo.
É interessante comparar as histórias de Hollywood com as do Brasil. Os americanos gostam de histórias de trabalho e sucesso. No Brasil, gostamos de fazer filmes sobre bandidos. Para nós, se nasceu na favela só vira filme se virar bandido. Existem milhares de brasileiros e brasileiras trabalhando e ganhando a vida honestamente, matando um leão por dia para poder sustentar a família, mas nenhum deles vira filme. A intelligentsia cultural brasileira glamouriza traficantes, vistos como Robin Hoods dos morros.
Para nossos intelectuais e cineastas, nossos pobres não têm escolha, o que é de uma grande arrogância além de ser uma imensa mentira. Querem nos fazer acreditar que a miséria causa violência. Qualquer um, onde quer que tenha nascido traz em si o poder distinguir certo e errado, de fazer as próprias escolhas e de decidir o próprio destino.
O caminho certo é sempre o mais difícil, mas temos liberdade para escolher e para encontrar nesse caminho a felicidade, como dizia com razão Thomas Jefferson.

As 7 maravilhas do mundo


O mundo hoje tem milhares de maravilhas que merecem ser vistas e visitadas, muito mais do que as que se conheciam no pequeno universo da Grécia Antiga.
Esse concurso das Novas 7 Maravilhas do Mundo não passou de uma grande picaretagem que só serviu para encher a conta bancária do canadense malandro que inventou essa história. Daqui a pouco ninguém mais vai se lembrar desse concurso e de quem ganhou. O Cristo Redentor do Rio sem dúvida é um belo monumento, mas e Angkor, e o Kremlin, a Torre Eiffel, a Estátua da Liberdade, a Acrópole que perderam? São menos belos ou significativos? Perderam porque ninguém aí ligou a mínima para isso. Brasileiros, peruanos e indianos por exemplo invadiram a internet em massa para votar em seus candidatos, empolgados por uma onda de patriotismo babaca onde seus governantes pegaram carona.
Enquanto isso o Brasil perde turistas a cada ano com a violência e a absoluta incompetência nos seus aeroportos. Olha aí que maravilha.

Comédia/Tragédia


Eu disse aqui uma vez que não escrevo para os outros. Escrevo para que eu mesmo me lembre das coisas que para mim são importantes. Quando comento as notícias do mundo é para defender a democracia, a ética, a arte, a inteligência, o respeito ao próximo e otras cositas más... Daí que para falar de assuntos tão sérios eu quase nunca esteja fazendo gracinhas por aqui. Uma ironia ou outra faz sempre bem ao cérebro e ao coração, mas eu não sei como fazer graça com o que vejo no jornal todos os dias. Até poderia, mas não tenho vontade.
Em Melinda & Melinda, Woody Allen mostra como a vida pode ser uma comédia ou uma tragédia, dependendo do ponto de vista.
Na semana passada ocorreram novas tentativas de atentados terroristas no Reino Unido Façamos então um exercício de como essa notícia poderia ser interpretada pelo riso ou pelo choro:

A Tragédia

As tentativas de atentado mostraram como o islamismo radical é uma ameaça mais do que presente dentro da Europa. O discurso do fanatismo tem se multiplicado nas mesquitas dos subúrbios das grandes capitais européias e inflamado a imaginação de jovens, até dos mais educados. Em nome da tolerância, a Europa e seus dirigentes tiveram medo ou ignoraram a ameaça radical até que bombas começassem a explodir em Londres e Madrid. E continuarão a explodir até que se expulsem daqui todos os imans que incitam à violência e ao terror. Infelizmente estes terão que ser vigiados como se vigiam e controlam hoje os hooligans do futebol europeu. A democracia pode tolerar tudo, mas não pode e não deve tolerar aqueles que a querem destruir.

A Comédia

Depois de ver aquela tentativa de atentado no aeroporto de Glasgow eu imagino Osama exasperado, reunido com seu État-major em seu QG em alguma gruta perdida no Afeganistão:
- Quem treinou esse incompetente? A bomba não explodiu, não matou ninguém, o cara se queimou todo e nem conseguiu se matar?!! Que raio de terrorista é esse? Pelo amor de Allah, não vamos assumir isso se não a Al Qaeda vai ficar completamente desmoralizada, que absurdo...Me liga aí com o Departamento de Recursos Humanos.
E os terroristas eram médicos? Formados aonde? Imagine as disciplinas da faculdade: “Introdução ao suicídio: orgãos vitais, como atingi-los”, ou ainda “Uso cirúrgico de explosivos: matar mais com menos dinamite”. E os que foram operados por eles? Vão pedir uma segunda opinião, aí o novo médico encosta o estetoscópio no peito do sujeito e escuta tic-tac-tic-tac... E o terrorista de Glasgow chamava-se Bilal. E a Scotland Yard cercado o cara e berrando em rede nacional “cuidado com o Bilal, o Bilal tá armado, segura o Bilal, derruba ele...” E o Osama para o RH: “Cortem o Bilal”...

É, dá pra se divertir. Um gênio como Roberto Begnini por exemplo conseguiu fazer graça até com o Holocausto em A Vida é Bela. Mas o seu gênio estava justamente em nos fazer ver a tragédia por trás da sua graça.
Quando discutimos corrupção, terrorismo ou outros assuntos assim, uma pitada de humor pode nos ajudar a superar a frustração. A rigor podemos fazer graça de tudo a vida inteira. Ver Jon Stewart na CNN, ler o José Simão ou assistir o Casseta e Planeta por exemplo nos faz bem, mas nunca poderemos deixar de entrever a tragédia escrita nas entrelinhas da comédia. Ou um dia aquilo não terá mais graça .

Mika, Paris Hilton e a livre imprensa


Mika Brzezinski é uma jornalista e a apresentadora do jornal matinal na rede MSNBC nos Estados Unidos. Virou uma celebridade instantânea ao se revoltar ao vivo em rede nacional recusando-se ao ler a principal notícia do dia, a matéria que no jargão jornalístico americano chama-se lead story. Mika rebelou-se porque seu editor decidiu que o lead do dia seria a notícia sobre a saída da Paris Hilton da prisão. Ao saber que essa seria o lead ela primeiro tentou incendiar o papel com o texto da notícia, e finalmente o amassou e jogou no lixo sob o olhar incrédulo e admirado de seus colegas.
O vídeo da jornalista foi parar no You Tube e já foi assistido por mais de 2,8 milhões de internautas. Mika ganhou uma legião de fãs, eu incluído, que também consideram notícias sobre a Paris Hilton completamente irrelevantes. Francamente eu não creio que meu mundo mudaria em nada se a Paris Hilton existisse ou não.
Segundo um velho amigo meu existe uma imutável lei no universo que diz que de minuto em minuto nasce um otário no mundo. Deve ser verdade, já que o mundo está cheio de gente que quer ouvir notícias sobre a Paris Hilton.
Acontece que um petista por exemplo usaria esse fato para defender a televisão estatal do Lula ou a censura prévia. A TV estatal filtraria as notícias relevantes e colocaria no ar as questões realmente importantes para serem discutidas pela sociedade. Mas aí eu sou o primeiro a ser contra.
Apesar de não querer ouvir notícias sobre a Paris Hilton eu respeito a liberdade de quem quer. Na minha visão capitalista a população é um mercado com uma ampla gama de gostos e preferências, e as emissoras vendem seus jornais e programas procurando atingir cada nicho desse mercado. Assim há as emissoras ou programas que focam nas notícias sobre celebridades, as que noticiam geo-política internacional, as que fazem um mix de tudo e cada um escolhe o que quer. A beleza disso é que como todo mercado ele se auto-regula. Quiçá chegará o dia em que a maioria da população irá perceber que a Paris Hilton é irrelevante, aí não se lerá mais nenhuma notícia sobre ela, para alegria minha e da Mika.
Enquanto esse dia não chega eu sou perfeitamente capaz de selecionar na televisão os produtos que me interessam, e não preciso da ajuda do governo para fazer isso por mim, especialmente se o governo só escolhe aquilo que interessa à sua ideologia.

Wednesday, July 11, 2007

Brasil...sil...sil...


Manchete da BBC:
BANCO MUNDIAL: BRASIL DE LULA É CAMPEÃO DA CORRUPÇÃO E DA INCOMPETÊNCIA!

Brasil tem pior controle da corrupção em 10 anos, diz Banco Mundial
1. O controle da corrupção no Brasil atingiu em 2006 o seu pior patamar em dez anos, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Banco Mundial (Bird). Segundo o relatório Assuntos de Governança, do Bird, o índice de controle de corrupção "mede a extensão em que o poder público é usado para ganhos privados, incluindo pequenas e grandes formas de corrupção, assim como o 'seqüestro' do Estado pelas elites e pelos interesses privados". O índice brasileiro de controle de corrupção caiu para 47,1 em 2006, em uma escala que vai de zero a cem. Em 2000, o país chegou a ter um índice de 59,1.
2. O estudo do Bird - que faz parte de um projeto que reúne indicadores de boa governança mundial - avaliou 212 países segundo seis critérios diferentes. Além de controle de corrupção, o Brasil também piorou nos últimos anos nos índices que avaliam a eficiência do governo, a qualidade dos marcos regulatórios e a força da lei.
3. O índice que avalia a eficiência do governo - a qualidade dos serviços públicos, a independência do governo e a implementação de políticas - mostra que o Brasil vem caindo desde 2003. O índice passou de 60,7, naquele ano, para 52,1, em 2006. O índice de eficiência do governo só foi inferior a isso em 1996 (47,4), primeiro ano avaliado pelo Banco Mundial.
4. O índice da qualidade dos marcos regulatórios - que, segundo o Bird, mede a habilidade do governo de formular e implementar leis que estimulam o setor privado - também caiu no Brasil entre 2003 e 2006: de 62,9 para 54,1. A força da lei - que avalia a confiabilidade da polícia e dos tribunais - também piorou no Brasil, segundo o Banco Mundial. O indicador brasileiro caiu de 50, em 1996, para 41,4, em 2006 - o pior índice da história.

Monday, July 09, 2007

Vinho & Guerra


Don e Petie Kladstrup, ele americano e ela francesa, ambos jornalistas e amantes de um bom vinho escreveram este simpático e despretensioso livro sobre como os franceses protegeram seu tesouro mais precioso das garras dos nazistas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães caíram como aves de rapina nas melhores vinícolas francesas em Bordeaux, na Champagne e na Alsácia, na Borgonha e no Vale do Loire. Todo o comércio foi monopolizado pelos weinfürers nazistas e por Vichy, e milhões de garrafas confiscadas pelo Terceiro Reich. As melhores garrafas foram direto para o Ninho da Águia, o refúgio de Hitler e seus comandantes nos Alpes Austríacos.
Os Kladstrup entrevistaram vários sobreviventes da Guerra para contar a história dos vignerons franceses durante a Ocupação. Vários deles enterraram suas melhores garrafas para terem com que recomeçar após o fim da Guerra. Outro emparedaram seus bons vinhos nas caves, e as crianças recolhiam aranhas para tecerem teias em frente às paredes recém levantadas dando-lhes aspecto de velhas. Várias vinícolas engarrafaram seus piores vinhos em garrafas com rótulos de vinhos especiais, em lotes que eles sabiam que seriam enviados à Alemanha. Muitos transportavam armas e mantimentos, às vezes até pessoas, para a Resistência dentro de barris. A Resistência mesmo se encarregava de assaltar e esvaziar trens que levavam vinho para os nazistas.
As mensagens de um certo Henri Gaillard, chefe da estação ferroviária de St. Thibault reproduzidas no livro são hilárias. Um dia ele informava aos alemães que o vinho que eles tinha pedido nunca tinha chegado na estação. No outro chegaram garrafas mas estavam todas vazias.
Contam também a história de produtores de champagne e vinhos hoje famosos que foram presos pelos nazistas, de jovens das vinícolas enviados para a guerra, dos que entraram para a Resistência, dos alsacianos forçados a alistarem-se no exército alemão.
Conta também de franceses em um campo de prisioneiros alemão que para não enlouquecerem organizaram um festival de vinhos. Um deles escreveria o primeiro guia de vinhos e gastronomia da França baseado no que escutara dos amigos na prisão.
Um divertido livro para conhecer a alma francesa e aprender sobre o seu tesouro mais amado e protegido.

A raiz de nossos males


A lama chegou ao Senado da República com o escândalo envolvendo Renan Calheiros, o presidente da Casa devidamente protegido por Lula. Ah, a ética do PT...
Ao contrário do que Renan afirma, os ataques não visam sua vida pessoal, mas o fato de um Senador estar envolvido até o pescoço com o lobbysta de uma empreiteira que presta serviços ao governo. E até agora as explicações de Renan e seus bois de ouro para a origem de seu dinheiro não convenceram ninguém. Agora aparece outro ilustre colega, Senador Joaquim Roriz recebendo propina de um empresário para comprar juízes.
Uma amiga me enviou um link para uma reportagem da BBC falando sobre o “jeitinho” brasileiro, essa canalhice nacional muitas vezes interpretada como parte da cultura brasileira que justifica desde furar fila até subornar guarda para se livrar de multa, de colar na prova até superfaturar obras, de comprar rádio roubado até sonegar impostos.
Numa pesquisa citada pela BBC, 75% dos brasileiros admitem ter cometido alguma irregularidade na vida, e 75% toleram a corrupção. É claro que faz sentido, se nós mesmos fazemos nossas canalhices no dia a dia com o nosso jeitinho, a corrupção é só o jeitinho em uma escala federal, temos que ser compreensíveis com o coitado do Renan...
Basta! Lula passa a mão na cabeça de Renan Calheiros e de seus meninos aloprados assim como o pai do pitboy espancador da Barra defende seu menino estudioso (estudante do curso de Direito, cadê a faculdade que não expulsa esses energúmenos?).
O PT pode roubar para se manter no poder e ocupar seus milhares de cargos de confiança usando o pretexto de que é para o bem do povo. O traficante virou defensor da comunidade da favela, o que justifica matar e roubar por ser oprimido. O playboy queima índio e espanca empregada porque pensou que era mendigo e prostituta.
Basta! Estamos nos tornando uma nação de canalhas e covardes irresponsáveis que pensam que podem tudo porque ninguém pune ninguém. Todo mundo tem uma justificativa para a própria canalhice ou encontra uma maneira de passar a culpa para alguém.
O Brasil que surge nesse milênio não é o país do futuro, é o país onde só se respeita sucesso e dinheiro, não importando os meios que se empreguem. É o país do vale tudo para chegar lá, vale tudo para se dar bem.
É um país onde ninguém assume o que faz, protegidos por pais e governantes que criam eternas crianças sem moral, nem responsabilidades nem deveres.
E se nos meios vale tudo, o único fim é a busca do prazer hedonista que o dinheiro traz.
Do nosso jeitinho de nos darmos sempre bem nasce a canalhice que desemboca na corrupção, na violência e na decadência. E tanto uma como a outra são faces da mesma moeda, e com raízes na mesma causa: IMPUNIDADE.