Saturday, January 19, 2008

Novelices


Sou um noveleiro passivo, como aqueles não fumantes que se queixam da fumaça do bar.
Nunca liguei a televisão para assitir a novela. Aliás, em matéria de televisão sou da opinião de Marx (o Groucho, não o Karl), o melhor é correr e pegar um livro.
O problema é que em volta de mim sempre houveram pessoas assistindo novela. Na verdade eu até me interessava pelas novelas tipo Pantanal ou Rei do Gado, com temas assim digamos mais rurais...E também sempre me impressionou a forma como as telenovelas brasileiras espalharam nossa “cultura” pelo mundo. Um dia encontrei um mexicano que veio me perguntar o que tinha acontecido ao Véio do Rio. E um húngaro que queria saber mais sobre a Dona Beija .
Mas no fundo no fundo toda novela para mim sempre foi um grande non-sense. Elas tem no entanto tem um inegável poder sobre as massas, e seus autores devem ter plena consciência disso.
Aguinaldo Silva já confessou em seu blog ter sido ameaçado por petralhas. Disseram que um dia ele acordaria com a boca cheia de formiga pelas cutucadas que ele dá nos esquerdistas em sua novela das oito. Outro dia vi uma cena do líder popular Juvenal Antena falando sobre um referendo que seria feito na sua favela sobre a construção de uma fábrica de cimento. Dizia ele que eleição era só para dar ao povo a impressão de que era a vontade deles que seria feita, mas que na verdade, só ele mesmo é quem sabia o que era melhor para o “seu povo”.
Isso foi antes daquela ridícula batalha ao som de música clássica onde o Antonio Fagundes saiu feito Rambo de bazuca pela favela...
Agora na novela das seis o prefeito, personagem de Lima Duarte, decide criar uma CPPPM Contribuição Provisória para o Posto Médico, que ele logo imagina em transformar em permanente e financiar aí o seu carro, os vestidos da primeira dama, outras obras que não tem nada a ver com o posto médico “como aconteceu em um país aí da América Latina”...
No meio do non-sense, nada melhor do que dar uma ou outra cutucada no povo para ver se ele acorda do berço esplêndido.
Qualquer semelhança, é mera coincidência.

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