Saturday, May 09, 2009

Rendition


O termo rendition em inglês tornou-se conhecido por designar a prisão e a remoção de suspeitos de terrorismo pela CIA após o 11/09.
Normalmente levados sem julgamento para prisões secretas em vários lugares diferentes, esses suspeitos foram submetidos ao que a administração Bush chama de técnicas de interrogatório "reforçadas", ou tortura pura e simples.
O assunto voltou à tona agora que a administração de Obama discute se deveria julgar ou não os responsáveis por autorizar tortura no governo Bush.
A coisa anda tão obamista, mesmo por aqui, que o Estadão publicou um artigo humorístico de Maureen Dowd do New York Times ironizando Dick Cheney e a tortura como se fosse coisa séria.
Rendition é também o título em inglês do filme O Suspeito, que trata da prisão de um egípcio vivendo nos Estados Unidos que é levado ao norte da África para ser interrogado.
As técnicas de confinamento em buraco, water boardind e eletrochoque estão todas lá. O filme é claramente anti-tortura, no melhor estilo Hollywood goes Obama.
Tortura é verdadeiramente um ato abjeto. Mas por outro lado, imagine que você tem um filho sequestrado. E você tem na frente uma pessoa que sabe onde seu filho está mas não quer dizer. Eu não sei vocês mas eu desceria o cacete até o desgraçado abrir o bico.
Até onde podemos ir para defender a vida de inocentes? Deveríamos garantir a assassinos o respeito que eles não têm pelas nossas vidas?
A CIA especificava que a água jogada na cara dos presos durante o waterboarding tinha que ser potável. Será que algum jihadista ia pensar nesse detalhe? E só para lembrar, o waterboarding é usado mesmo no treinamento dos soldados americanos.
É difícil julgar a CIA e suas prisões secretas sem saber que resultados foram obtidos com o interrogatório reforçado. Talvez existam milhares de pessoas vivas hoje em Londres, Paris ou Washington por causa desses interrogatórios.
Mesmo assim, algo me diz que informações obtidas sob tortura não são lá muito confiáveis. Sob tortura eu mesmo falaria qualquer coisa que me pedissem.
E a questão crucial é: a partir de que momento deixamos de ser o que somos para nos tornarmos como eles?

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