Friday, May 08, 2009

Yes, nós somos bananas

Andei passeando por São Paulo, conversando com gente importante das indústrias de alimentos deste país.

Depois da era do dinheiro fácil, onde todo mundo recebia crédito a rodo, a marolinha do Lula chegou para trazer todo mundo de volta à Terra.

Hoje, esses grandes empresários estão todos com a corda no pescoço, precisando desesperadamente de crédito, alguns já quebrados, outros com dívidas impagáveis, outros estudando fusões e joint-ventures.

A quem eles recorrem nessa hora? Ao todo poderoso BNDES.

É interessante notar como o governo Lula está fazendo uma gigantesca reestatização da economia através do BNDES. Comprando ações das empresas em crise para tirá-las do sufoco, o BNDES já virou sócio dos maiores frigoríficos do país. E não vai parar por aí.

Coisa típica de socialista que adora essas empresas mastodônticas e mal geridas onde a chance de corrupção e intervenção é imensa.

Ah, mas um dia a casa cai.

O governo poderia ajudar muito mais a indústria brasileira (toda ela, não só seus sócios) de outras formas, como por exemplo mandar deputado parar de pagar passagem pra família visitar a Europa e duplicar uma BR163 que mata vários desgraçados por dia tentando transportar nossa produção agrícola para o porto.

Um outro exemplo? Nos procedimentos para a exportação de alimentos foi criado o Vigiagro, uma invenção estúpida para checar a qualidade do que é exportado. Só que é um trabalho que já havia sido feito pelo Serviço de Inspeção Federal e pelas secretarias de Defesa. É o governo checando o que já estava checado.

Isso atrasa uns três dias a exportação de qualquer coisa. Imaginem o valor de tudo o que o Brasil exporta em alimentos, três dias parado, a juros de 12%. Quanto vale o show?

O pior é que essa mentalidade burocrática parece ser um mal deste país bananeiro, parece ser absorvida por todo mundo. Levei um importador de vinhos holandês à Expovinis em São Paulo, a maior feira de vinhos do Brasil. Ele queria comprar vinho brasileiro. Ganhamos dois convites, e no verso preenchemos todos os dados que nos pediram, nome, cpf, endereço, data de nascimento (para que?), empresa e etc. Na entrada da exposição haviam 4 gurias passando todos os dados do convite para um computador para em seguida imprimir um crachá. Isso criou uma fila gigantesca de uma hora de duração. Parecia o crediário das Casas Bahia ou a fila da Caixa em dia de pagamento do funcionalismo.

O holandês desistiu daquilo e eu só não disse à cretina que nos proibiu de entrar o que ela deveria fazer com o convite porque mamãe me deu educação.

Para comprar um maldito caderno na papelaria preciso fazer um cadastro, o vendedor passa um pedido, eu pago no caixa e busco o raio do caderno no balcão de pacotes.

Porque tudo aqui precisa virar um cartório, uma enrolação, uma perda de tempo, de paciência e obviamente de dinheiro?

Um outro exemplo? Eu levei meses tentando descobrir os meandros da Receita Federal para conseguir uma habilitação para fazer importação e exportação, para finalmente descobrir que o estado do Mato Grosso do Sul recolhe ICMS de quem exporta. Ou seja, em vez de incentivar a exportação ele a penaliza. Só se consegue isenção se você der um jeitinho com o governo.

Eu digo que todo empresário que recolhe seus impostos, paga seus trabalhadores, cria empregos e sobrevive do que produz e vende, sem boquinha do BNDES, mereceria um troféu do tamanho da catedral de Brasília.

O que ele ganha hoje é uma banana.

4 comments:

Sandra Leite said...

"Andei passeando por São Paulo, conversando com gente importante das indústrias de alimentos deste país"


Como assim? Sampa? :(

Alma said...

A trabalho e acompanhando o boss querida, o café fica pra próxima...

Augusto Araújo said...

Resumindo: É pra acabá!

Lelec said...

Excelente seu texto, mon ami. Eu até iria fazer um trocadilho com esse órgão (ops) Vigiagro, mas, como o assunto é sério e triste, engulho seco e deixo para a próxima.

Abraço,

Lelec