Saturday, November 25, 2006

Ação afirmativa


A segunda feira passada, data do aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, virou no Brasil o dia da consciência negra.
Datas como essa serviriam para lembrarmos do papel dos negros na construção do povo e da cultura brasileira.
Nas mãos dos ativistas virou uma data para cobrar do governo políticas de ação afirmativa.
Continuo afirmando que a criação de cotas raciais em empresas, universidades e no serviço público no Brasil será uma enorme besteira. Estamos prestes a institucionalizar o racismo no país.
Nesse assunto estou com Ali Kamel e não abro. Kamel é diretor de jornalismo da Rede Globo e autor do livro “Não Somos Racistas”.
Em primeiro lugar, Ali mostra como o conceito de raça cientificamente não faz o menor sentido. E isto é algo que deveríamos ensinar às nossas crianças desde cedo na escola e em casa.
Em segundo, mostra como as estatísticas podem ser manipuladas em favor das cotas. Para se verificar se há racismo ou não no país, não é possível usar somente os dados de cor da pele e de nível de renda. É preciso comparar alhos com alhos e bugalhos com bugalhos. O Brasil seria racista se por exemplo, um negro com uma família de 3 filhos, morador da zona rural de São Paulo, com escolaridade média, vivesse pior do que um branco com uma família de 3 filhos, morador da zona rural de São Paulo, com escolaridade média. Não é verdade.
Nas universidades por exemplos, os negros são 6%. Exatamente a mesma porcentagem dos que se auto-declaram negros no censo do IBGE sobre a população brasileira.
Agora vamos ajudar os negros a saírem da pobreza e deixamos os outros que não são negros por lá mesmo.
Vamos carimbar nossa cor no RG e criar um apartheid onde não havia.
Vamos jogar no lixo a melhor coisa que o Brasil conseguiu produzir: um povo que se orgulha da própria mistura de raças, algo inédito em qualquer outro lugar do planeta.
É absurdo, é anti-constitucional, é imoral. Todo mundo sabe que o problema do Brasil está na educação de base. É só com educação que iremos resgatar TODOS da pobreza, não apenas alguns.
Sistema de cotas é a saída fácil de governos incompetentes que querem tapar o sol com a peneira, e de ativistas aproveitadores.
Zumbi nasceu livre no quilombo, foi capturado pelos portugueses e fugiu de volta a Palmares. Ganga Zumba, chefe da comunidade quis aceitar quando os portugueses ofereceram liberdade a todos os quilombolas em troca da submissão do quilombo à autoridade da Coroa. Zumbi recusou e se tornou o chefe no lugar de Ganga Zumba. Ele queria liberdade para todos os negros, e não somente para seu grupo. Assim são feitos os líderes.

2 comments:

clabrazil said...
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clabrazil said...

Fernando,
Tem razão. Esta história das cotas é a maior besteira que já ouvi nos últimos tempos no Brasil.

Começar a distribuir por cima num país onde a educação básica é o problema é absurdo e oportunista.

No entanto discordo de você que nos orgulhemos tanto assim de nossa mistura de raças. Eu me orgulho, sim, mas confesso que comecei a assumir minha salada étnica depois de sair do Brasil. Porque lá louras têm privilégios, descrever alguém como negro é quase palavrão e os cabelos crespos são considerados "cabelos ruins".