Saturday, November 11, 2006

Saddam e Bush


Saddam Hussein foi considerado culpado por crimes contra a Humanidade. E que vamos fazer? Ah, vamos enforcá-lo!
Saddam era um tirano cruel e covarde. Massacrou e torturou seu próprio povo. É uma ilusão achar que o Iraque era um país decente antes da invasão. Não era melhor do que agora.
Saddam governou como governam os tiranos, condenando a liberdade de expressão e esmagando a mínima oposição às suas decisões. Deveria ter sido removido há muito tempo, assim como foi Milosevic e como deveriam ser Kim Jong Il, Fidel Castro e outros cretinos.
Os Estados Unidos cometeram alguns erros graves na sua estratégia no Oriente Médio. O primeiro foi não ter removido Saddam durante a Primeira Guerra do Golfo abandonando os rebeldes iraquianos à própria sorte. O segundo foi o de ter mentido à comunidade internacional sobre as armas de destruição em massa. E o terceiro foi o de imaginar que o povo iraquiano, uma vez liberto do jugo de Saddam, poderia se organizar em torno de um sentimento nacionalista de união. Os americanos ao que parece não aprenderam nada com o que vimos acontecer no Cáucaso depois da implosão da URSS e nos Bálcãs depois do fim da Yougoslávia de Tito. Como afirma Jean Daniel na Nouvel Observateur, quando o poder imperial desaparece as tensões étnicas explodem. Isso não estava nos planos de Bush. A conquista foi fácil, a ocupação desastrosa.
E esse desastre hoje amplamente reconhecido teve um impacto profundo no eleitorado americano que acaba de punir os Republicanos nas eleições parlamentares de meio mandato. A própria imprensa americana parece estar se tornando tão anti-americana como a imprensa européia. A pressão é cada vez maior pela retirada dos soldados do Iraque. Este sim vai ser um imenso erro pelo qual pagaremos caro no futuro.
João Pereira Coutinho na Folha faz uma análise interessante da hipótese da retirada das tropas britânicas e americanas do Iraque. Segundo Coutinho, no confronto entre o Ocidente e o Islamismo fanático, cada retirada Ocidental significa uma vitória e um avanço do islamismo. O 11/09 aconteceu não como um começo, mas como o auge do avanço islamista que começou quando americanos se retiraram do Líbano e da Somália.
Sair agora do Iraque será um crime e um risco ainda maior. Com a morte de Saddam e uma retirada de ingleses e americanos, a inteira população do Iraque estará à mercê dos senhores de guerra xiitas e sunitas. Depois de um banho de sangue será uma ditadura islâmica ameaçadora. A Al Qaeda acaba de afirmar ter 12.000 homens a disposição de um auto proclamado estado islâmico do Iraque, e acaba de ameaçar explodir a Casa Branca.
Nunca é demais lembrar que as primeiras vítimas do fanatismo islâmico são os próprios muçulmanos.
Não é hora de retirada, não é hora de anti-americanismo estúpido. É hora de se chamar reforços, de se criar uma polícia e um exército iraquiano eficientes, de se manter um parlamento etnicamente representativo em Bagdá.
Abandonar os iraquianos à mercê de Saddam era cruel.
Abandoná-los hoje será um crime contra o Iraque, e uma garantia de bombas chegando cada vez mais perto de nós.

1 comment:

Anonymous said...

Sou contra os Estados Unidos tomarem a frente de invadir o Iraque, seja agora ou no passado. Sou a favor de tribunais penais internacionais como o de Haia, aqui na Holanda, terem mais espaço para limitar a loucura de alguns governantes.

Paula