Saturday, November 18, 2006

Um pouquinho de política


Política brasileira é sempre animada, sempre há um escândalo, uma gravação escondida, um suborninho qualquer para animar a festa da democracia.
Aqui a coisa é mais entediante, mas mesmo assim vale a pena dar uma olhadina no que acontece.
Na Holanda, a política passou por profundas transformações desde os assassinatos de Pim Fortuyn e Theo van Gogh,os primeiros assassinatos políticos em mais de um século na país. Temas antes evitados como a imigração voltaram a ser amplamente discutidos.
Jan Pieter Balkenende, o Primeiro Ministro apelidado de Harry Potter cujo gabinete tinha caído em maio passado está com chances de se reeleger em breve. Sua política de redução de gastos do ultra generoso Estado holandês parece ter dado resultados. A economia cresceu 2,8% e o desemprego caiu para 5.6%. Além disso a contenção das levas de imigrantes parece ter agradado ao eleitorado.
Na França, os socialistas estão radiantes com a escolha de Segolene Royal nas prévias do partido para a disputa da eleição presidencial no ano que vem.
Segolene virou a pop star da esquerda francesa, muito mais pelo charme e carisma do que pelas propostas que tem. As idéias da esquerda francesa são as mesmas desde Miterrand e ao que parece não vão mudar muito com Segolene Royal. Anti-liberalismo, anti-americanismo, anti-globalização, anti-privatização, uma coleção de cretinices que permanece imutável nas cabeças dos sindicatos e de organizações estudantis, bases de apoio da esquerda no país. Sobre a imigração e os problemas racias uma posição meio vaga. Se defender demais os imigrantes, a esquerda teme ceder votos a Jean Marie Le Pen, da direita fascista que se crê com mais chances do que nunca de chegar ao Palácio de l’Elysée.
A Economist em sua edição européia da semana passada diz que o que a França precisava mesmo era de uma Margareth Thatcher, para ganhar o braço de ferro com os sindicatos, flexibilizar a legislação trabalhista e aumentar o dinamismo e reduzir o peso do Estado na Economia. Essa Margareth Tatcher pode estar na pessoa pouco simpática de Nicolas Sarkozy, o ministro do interior e provável candidato do governo à eleição. Resta saber se os franceses cederão ao charme de Segolene ou desistirão de vez da esquerda e optarão por reformas tipo holandesas à la Harry Potter.
Sarkozy para ganhar teria que lembrar daquele conselheiro do Clinton que dizia: “É a economia, estúpido”.

2 comments:

Anonymous said...

Uma coisa me passou pela cabeça ontem. Não sei se é absurda. Alguém por favor me diga.
O governo holandês sempre foi caracterizado por obter maioria no parlamento. Ou seja, o partido vencedor procurava uma coalisão com o segundo colocado para obter maioria ( mais de 75% dos deputados eleitos eram do partido do governo) e aprovar todas as suas leis, sem empecilho. Assim, as plataformas e governo sempre eram legítimas e os projetos, sempre viravam leis.
Pela primeira vez há o risco do partido vencedor não obter a maioria. Mesmo que haja coalisão com o segundo partido mais votado, o vencedor nunca vai ser maioria. É fato inédito na política holandesa.
Para conseguir aprovar medidas, políticos vão precisar bajular a oposição. Situação que, nós brasileiros, conhecemos de trás pra frente. Será que o moralismo holandês vai sobreviver à oposição??? Ou será que vão começar a entender porque algumas coisas não andam pra frente em países em desenvolvimento ( em parte) por situações como essa? Me pergunto se a transparência, característica mais significante da política holandesa, vai mesmo ser forte o suficiente.
Paula

Alma said...

O PT arrumou um jeito bom de ganhar maioria no Congresso...
Será que ainda veremos um "mensalão" holandês?