Eu disse aqui uma vez que não escrevo para os outros. Escrevo para que eu mesmo me lembre das coisas que para mim são importantes. Quando comento as notícias do mundo é para defender a democracia, a ética, a arte, a inteligência, o respeito ao próximo e otras cositas más... Daí que para falar de assuntos tão sérios eu quase nunca esteja fazendo gracinhas por aqui. Uma ironia ou outra faz sempre bem ao cérebro e ao coração, mas eu não sei como fazer graça com o que vejo no jornal todos os dias. Até poderia, mas não tenho vontade.
Em Melinda & Melinda, Woody Allen mostra como a vida pode ser uma comédia ou uma tragédia, dependendo do ponto de vista.
Na semana passada ocorreram novas tentativas de atentados terroristas no Reino Unido Façamos então um exercício de como essa notícia poderia ser interpretada pelo riso ou pelo choro:
A Tragédia
As tentativas de atentado mostraram como o islamismo radical é uma ameaça mais do que presente dentro da Europa. O discurso do fanatismo tem se multiplicado nas mesquitas dos subúrbios das grandes capitais européias e inflamado a imaginação de jovens, até dos mais educados. Em nome da tolerância, a Europa e seus dirigentes tiveram medo ou ignoraram a ameaça radical até que bombas começassem a explodir em Londres e Madrid. E continuarão a explodir até que se expulsem daqui todos os imans que incitam à violência e ao terror. Infelizmente estes terão que ser vigiados como se vigiam e controlam hoje os hooligans do futebol europeu. A democracia pode tolerar tudo, mas não pode e não deve tolerar aqueles que a querem destruir.
A Comédia
Depois de ver aquela tentativa de atentado no aeroporto de Glasgow eu imagino Osama exasperado, reunido com seu État-major em seu QG em alguma gruta perdida no Afeganistão:
- Quem treinou esse incompetente? A bomba não explodiu, não matou ninguém, o cara se queimou todo e nem conseguiu se matar?!! Que raio de terrorista é esse? Pelo amor de Allah, não vamos assumir isso se não a Al Qaeda vai ficar completamente desmoralizada, que absurdo...Me liga aí com o Departamento de Recursos Humanos.
E os terroristas eram médicos? Formados aonde? Imagine as disciplinas da faculdade: “Introdução ao suicídio: orgãos vitais, como atingi-los”, ou ainda “Uso cirúrgico de explosivos: matar mais com menos dinamite”. E os que foram operados por eles? Vão pedir uma segunda opinião, aí o novo médico encosta o estetoscópio no peito do sujeito e escuta tic-tac-tic-tac... E o terrorista de Glasgow chamava-se Bilal. E a Scotland Yard cercado o cara e berrando em rede nacional “cuidado com o Bilal, o Bilal tá armado, segura o Bilal, derruba ele...” E o Osama para o RH: “Cortem o Bilal”...
É, dá pra se divertir. Um gênio como Roberto Begnini por exemplo conseguiu fazer graça até com o Holocausto em A Vida é Bela. Mas o seu gênio estava justamente em nos fazer ver a tragédia por trás da sua graça.
Quando discutimos corrupção, terrorismo ou outros assuntos assim, uma pitada de humor pode nos ajudar a superar a frustração. A rigor podemos fazer graça de tudo a vida inteira. Ver Jon Stewart na CNN, ler o José Simão ou assistir o Casseta e Planeta por exemplo nos faz bem, mas nunca poderemos deixar de entrever a tragédia escrita nas entrelinhas da comédia. Ou um dia aquilo não terá mais graça .
Em Melinda & Melinda, Woody Allen mostra como a vida pode ser uma comédia ou uma tragédia, dependendo do ponto de vista.
Na semana passada ocorreram novas tentativas de atentados terroristas no Reino Unido Façamos então um exercício de como essa notícia poderia ser interpretada pelo riso ou pelo choro:
A Tragédia
As tentativas de atentado mostraram como o islamismo radical é uma ameaça mais do que presente dentro da Europa. O discurso do fanatismo tem se multiplicado nas mesquitas dos subúrbios das grandes capitais européias e inflamado a imaginação de jovens, até dos mais educados. Em nome da tolerância, a Europa e seus dirigentes tiveram medo ou ignoraram a ameaça radical até que bombas começassem a explodir em Londres e Madrid. E continuarão a explodir até que se expulsem daqui todos os imans que incitam à violência e ao terror. Infelizmente estes terão que ser vigiados como se vigiam e controlam hoje os hooligans do futebol europeu. A democracia pode tolerar tudo, mas não pode e não deve tolerar aqueles que a querem destruir.
A Comédia
Depois de ver aquela tentativa de atentado no aeroporto de Glasgow eu imagino Osama exasperado, reunido com seu État-major em seu QG em alguma gruta perdida no Afeganistão:
- Quem treinou esse incompetente? A bomba não explodiu, não matou ninguém, o cara se queimou todo e nem conseguiu se matar?!! Que raio de terrorista é esse? Pelo amor de Allah, não vamos assumir isso se não a Al Qaeda vai ficar completamente desmoralizada, que absurdo...Me liga aí com o Departamento de Recursos Humanos.
E os terroristas eram médicos? Formados aonde? Imagine as disciplinas da faculdade: “Introdução ao suicídio: orgãos vitais, como atingi-los”, ou ainda “Uso cirúrgico de explosivos: matar mais com menos dinamite”. E os que foram operados por eles? Vão pedir uma segunda opinião, aí o novo médico encosta o estetoscópio no peito do sujeito e escuta tic-tac-tic-tac... E o terrorista de Glasgow chamava-se Bilal. E a Scotland Yard cercado o cara e berrando em rede nacional “cuidado com o Bilal, o Bilal tá armado, segura o Bilal, derruba ele...” E o Osama para o RH: “Cortem o Bilal”...
É, dá pra se divertir. Um gênio como Roberto Begnini por exemplo conseguiu fazer graça até com o Holocausto em A Vida é Bela. Mas o seu gênio estava justamente em nos fazer ver a tragédia por trás da sua graça.
Quando discutimos corrupção, terrorismo ou outros assuntos assim, uma pitada de humor pode nos ajudar a superar a frustração. A rigor podemos fazer graça de tudo a vida inteira. Ver Jon Stewart na CNN, ler o José Simão ou assistir o Casseta e Planeta por exemplo nos faz bem, mas nunca poderemos deixar de entrever a tragédia escrita nas entrelinhas da comédia. Ou um dia aquilo não terá mais graça .
1 comment:
Entendo seu ponto de vista, mas continuo a dizer que a escrita cômica é seu maior talento, pouquíssimas pessoas o tem. Vc tem um olho para detalhes que faz seu texto inovador e hilário. Isso, sem dúvida, torna a leitura mais leve.
Paula
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