Arte em si não precisa ter uma razão para existir. Nietzsche desconfiava que os gregos antigos tinha criado uma arte maravilhosa como uma espécie de camuflagem para os horrores da existência, o que é exatamente o que penso ser o objetivo da arte e da cultura em geral. Por isso acho que arte engajada é completamente desprovida de senso. Os artistas modernos e suas "instalações" produzem em grande parte uma pseudo-arte cuja única causa é o egocentrismo do autor, e cujo valor é dado pelo o grau de atenção que atrai.
Estes dias um desses artistas modernos e engajados, um holandês metido a Bansky, anda divulgando um print de uma imagem de Anne Frank com uma keffiah palestina enrolada no pescoço. O "artista" conseguiu seus quinze minutos de fama, ainda mais porque a galeria on-line que vende suas obras é de Birgit Schuurman, atriz/cantora/bisca holandesa, irmã de Katia Schuurman, outra famosa com os mesmos predicados. Todos fazem parte daquele mundinho pop-cult-jet-set tipo propaganda de Free.
É óbvio que associar um ícone do Holocausto como a imagem de Anne Frank com o símbolo da intifada palestina embrulharia o estômago de qualquer um com cérebro. Trata-se de associar o genocídio de um povo com um conflito atual completamente diferente relembrou um irado embaixador israelense na Holanda falando na televisão.
Mas Birgit diz que a obra é para ''fazer refletir''. Não importa que ofenda a memória de Anne Frank e de outros seis milhões de vítimas judias do nazismo.Não é arte, é provocação de uma cabeça oca e vontade de chamar a atenção em um mundo onde atenção é tudo o que conta.
Estes dias, a prefeitura de Amsterdam, a Fundação Anne Frank, a Fundação pelas Árvores e vizinhos da casa de Anne Frank entraram em acordo para salvar a castanheira de 150 anos mencionada tantas vezes em seu diário. A árvore, já não se aguenta em pé mas será preservada pelo menos pelos próximos dez anos.Como se vê, há quem preserve memórias, e há quem as ofendam. Artistas deveriam estar no primeiro time.
A 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas liberaram o campo de extermínio de Auschwitz. Este foi o dia escolhido pela ONU como dia da Memória pelo Holocausto.