Monday, January 21, 2008
The Kite Runner
Transformar um bom livro em um filme é quase sempre uma tarefa ingrata para um diretor. Este ano já tinha assistido Atonement, um filme excepcional baseado no premiado livro de Ian McEwan. Ontem assisti The Kite Runner, de Marc Foster, baseado no livro de Khaled Hosseini.
A inesquecível cena do campeonato de pipas, onde a câmera segue vertiginosamente uma pipa pelos ares enquanto as crianças povoam os telhados de Cabul explica como um filme pode ter suas vantagens em relação a um bom livro.
Apesar das vivas descrições de Khaled Hosseini, é difícil para um ocidental estranho àquelas paragens, que só conhece o Afeganistão pela CNN imaginar as montanhas nevadas, as ruelas onde circula uma miríade de vendedores ambulantes e onde carros dividem espaço com cavalos e camelos. Na tela grande, somos jogados dentro de Cabul, antes e pós Taliban, e ainda acompanhados pela envolvente música composta por Alberto Iglesias (que sempre faz as trilhas de Almodovar).
Da mesma forma, nos acostumamos de um modo perverso a imaginar afegãos como brutos, sujos e barbudos, com mulheres estupidificadas vestindo burkas. No filme vemos como eram os afegãos antes de terem suas vidas destruídas pela barbárie. Vemos namorados dançando, famílias jantando, gente festejando, crianças brincando. E os vemos depois como emigrantes em uma terra estranha, tentando manter suas tradições e reconstruir suas vidas.
É impossível não imaginar ali vendo aquelas cenas a sua própria família, ou como seria a sua vida se tivesse passado o que aquela gente passou.
E isso foi para mim tão tocante quanto a trama principal do filme, a história de Amir em busca do filho de seu amigo de infância Hassan. Coincidentemente,como Atonement, esta também é uma história de reparação.
Marc Foster foi fiel ao livro na medida do possível. Seus atores, inclusive as crianças, são competentes e seu filme emociona tanto quanto o livro.
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2 comments:
Muito legal saber sua opinião, Fernando. O filme já entrou em cartaz aqui. Devo vê-lo em breve. Com seu comentário, fiquei ainda com mais com vontade de vê-lo. Depois, volto aqui e digo o que achei. ;o)
Gracias.
besos.
(citou Almodóvar; o español vem que vem. rs*)
Vi o filme ontem e tive a mesma impressão sua. Acho que Marc Foster consegiu traduzir para a linguagem cinematográfica toda a beleza literária do texto de Hosseini. Me fez lembrar um pouco o que Ang Lee conseguiu com o belo conto de Annie Proulx. Como vc bem disse a tarefa é dificil. Poucos saem incólumes.
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