Saturday, August 09, 2008

Esportes


Eu sou um sujeito esportista. No meu aniversário passado comprei uma pistola de ar comprimido. Super legal. Sempre preferi ganhar brinquedo do que roupa no aniversário... Minha diversão no fim de tarde agora é sentar tomando um tereré e atirar em latinhas no meu quintal.
Me convenceram de que aquilo ali não ia ajudar a me fazer entrar em forma, especialmente se eu nem levantasse da rede para atirar.
Resolvi voltar a jogar squash, um jogo que eu aprecio bastante principalmente porque num lugar fechado não é preciso caminhar muito para catar a bolinha quando ela rola pelo chão. Fui jogar e distendi a panturrilha.
Ao rugby, o único esporte apaixonante de verdade (pelo menos para mim), eu nem penso em voltar. Meus dois ombros já viraram paçoca por causa do rugby. Um deles tem um parafuso para parar no lugar.
Como se vê, eu gosto de esporte, o esporte é que não gosta de mim.
Mas esporte para mim nunca pode passar de ser uma diversão.
Eu não sei quem foi o energúmeno que um dia disse que esporte faz bem à saúde. Faz nada.
Esporte profissional para mim é uma imbecilidade sem fim.
Esses chinesinhos dando show agora nas Olimpíadas foram recrutados aos seis anos de idade e condenados a esse regime de semi-escravidão que é o treinamento esportivo lá deles.
No resto do mundo não é muito diferente, atletas de elite levam seus corpos ao extremo, arrebentam todos os ligamentos que podem arrebentar e aguentam tudo à base de drogas e remédios. Um francês disse que se não fosse os anabolizantes o Tour de France duraria seis meses ano. E esse jogadores de futebol tendo ataques cardíacos em pleno campo, é normal? Aqui no Brasil mesmo a molecada de academia gosta de se injetar com anabolizante de cavalo...
Aos 30 anos, um esportista profissional já não serve mais para nada. Agora me contem como é a cabeça de um atleta treinado para ser o melhor do mundo quando descobre que já não é o melhor e nunca mais será?
Sinto muito mas uma vida dessas eu não queria não.
Prefiro um tiro ao alvo no quintal, um squash com happy hour depois, uma pelada racha-canela no fim de semana e é só. Tenho mais o que fazer da minha vida.
Acompanhar Olimpíada para mim é uma chatice, nem tem rugby. Alguém podia inventar uma Olimpíada amadora, com esportes tipo carrinho de rolimã, bets, pegar o porco enlameado, comer melancia, pau de sebo, porrinha...E tiro na latinha deitado na rede. Ia ser bem mais legal.

7 comments:

bete p.silva said...

Uia! finalmente alguém teve coragem para falar isso. Concordo plenamente, esses esportistas são escravos deles mesmos. Nadar é uma delícia, agora nadar profissionalmente, deve ser um inferno em vida, eu heim...e isso pra falar só de um esporte.

Tiro na latinha na rede taí adorei, um video game real.

Lelec said...

Ô Fernando... Me desculpe, mas dizer que esporte não faz bem à saúde é uma barbaridade tão grande como dizer que o Sol gira em torno da Terra. Há incontáveis estudos que mostram que a prática regular de esportes protege contra doenças cardio-vasculares, cânceres de diferentes tipos e até demência.

Mas vamos olhar de perto os exemplos que você deu:

1)"Jogadores que morrem de ataque cardíaco em campo": em todos os casos que vieram a público, a causa era uma mal-formação ou uma doença cardíaca não diagnosticada. A morte não foi causada pelo esporte. Foi precipitada pelo esforço físico. Poderia ter sido um ato sexual (nem por isso vamos dizer que sexo mata e faz mal à saúde).

2) "Adolescentes que se entopem de anabolizantes": o que faz mal é o anabolizante, não o esporte.

3) "Chinesinhos que vivem sob regime espartano de treinamento". O ruim da coisa é a manipulação política do esporte, a instrumentalização ideológica da atividade esportiva.

Esporte profissional não é imbecilidade. Esporte de alto nível é expressão da criatividade e da inteligência humana. A sofisticação de raciocíonio (em termos de redes neurais ativadas) de um levantador de vôlei (tipo o Ricardinho) pode ser comparada a de um pianista concertista.

E esporte profissional gera empregos, renda, turismo, e inserção social para muita gente. Seria um bom caminho para minimizar nossas mazelas.

O esportista profissional que não se dopa e que treina sob orientação especializada e responsável não acaba aos 30 anos. Pelo contrário.

O que estraga o atleta são o doping, o treinamento irresponsável, o calendário dos eventos (que só pensam no lucro). Não é o esporte em si.

É claro que a vida de um esportista de alto nível não é fácil, como também não é a de um cientista, de um empresário ou a de um professor de alto nível. É dedicação e sacrifício demais. Eu também não gostaria disso para mim.

Eu também prefiro jogar minhas peladinhas de fim de semana.

Abração,

Lelec

Lelec said...

Ô Fernando,

Aproveito a deixa para lhe pedir uma coisa: POR FAVOR, escreva um texto pra gente a partir da seguinte reportagem:

http://olimpiadas.uol.com.br/2008/reportagens-especiais/ult6174u30.jhtm

Com sua cultura culinária e seu senso de humor, tenho certeza de que seremos agraciados com um texto sensacional!

Abraço,

Lelec

Marie Tourvel said...

Olimpíada é um porre total, Fernando. Apoiadíssimo! Eu jogo tênis desde menina -faz tempo , hein? ;) Mas é por pura diversão mesmo. Os torneios me divertem. Um grande beijo.

Zé Costa said...

O único esporte de que gosto é o glorioso SPORT CLUB DO RECIFE, campeão da Copa Do Brasil de 2008!

Das olímpiadas só assisto às provas individuais de ginástica e de atletismo, o mais é só para inflar o evento

Alma said...

Pô Lelec, você foi muito médico aí no seu comentário. Eu sou só um gordinho sedentário e bon vivant tirando sarro da galera saudável e malhada que se mata pelo esporte e deixa de aproveitar o resto da vida.
Mesmo assim eu reafirmo, todos os esportistas de elite que eu conheço tem algum problema de saúde, especialmente problemas ortopédicos. Não dá para estar sempre forçando o corpo ao limite sem efeitos colaterais, mesmo sem doping... Além disso, hoje é impossível dissociar o esporte profissional do doping e do treinamento extremo. Achar que isso vai mudar é muito otimismo.
E quanto a sua reportagem, realmente merece uma graça...Vou fazer o possível.

Lelec said...

É Fernando, reconheço que fui "médico" demais, me desculpe se fui enfadonho. Mas é que a mensagem de que "esporte não faz bem à saúde" foi forte demais...

Eu também sou um gordinho sedentário, que tenta ser um bon vivant.

O fato é que a extrema concorrência e a excessiva dedicação, que não permitem à pessoa "aproveitar a vida" não são defeitos apenas do esporte. Atualmente, se você quer ser o melhor no que faz, você tem que se matar e sacrificar a vida social e pessoal. É assim para o músico profissional, para o cientista, para o empresário que fica 16 horas por dia na empresa, para o fazendeiro que não sai da plantação, para o aluno que quer passar no ITA. No esporte também é assim. Para ser o melhor do mundo na esgrima, o cara tem que se sacrificar mesmo.

Eu não estou disposto a tanto sacrifício. A maioria também não. Por isso, nos contentamos em sermos apenas medianos e desfrutar o esporte e a música apenas como diversão. Não estou disposto a passar oito horas por dia no violão, nem a treinar futebol 7 dias por semana.

Quanto ao doping, ok, ele nunca será varrido. Mas há muitos, muitos, que não se dopam.

Os problemas ortopédicos são fato para quem treina demais. Por isso, eles encerram a carreira. Mas daí a dizer que esporte faz mal é errado, pois mesmo os que têm problemas ortopédicos ganham em saúde por estarem em forma e com bom preparo físico.

Aliás, toda profissão tem impacto sobre a saúde da pessoa. Já atendi pianistas profissionais com LER (lesão por esforços repetitivos)...

Bem, mas nada disso é tão importante. O que conta mesmo é que você vai escrever sobre os bililius que são servidos em restaurantes chineses.

Grande abraço, mon ami!

Lelec