Saturday, August 16, 2008

Simple Life


Ainda estou em campanha pela simplicidade como modus vivendi para todos aqueles que desejam viver em paz e harmonia com o planeta. Sem viadagens.
Sou a favor do capitalismo e da economia de mercado, aviso desde já.
Mas sou contra o consumismo desenfreado e irresponsável daqueles que suprem suas carências emocionais nos shopping centers da vida, e por uma razão bem prática: o mundo não vai aguentar.
Veja por exemplo o papel. Americanos consomem mais de 330kg per capita no ano. Brasileiros consomem 10 vezes menos, 37kg. Paraguaios consomem 8kg.
Isso se repete com qualquer outro produto, agora imagine o dia em que Brasíl, Índia e China consumirem como americanos. Não vai sobrar pedra sobre pedra, o planeta simplesmente não aguenta. As consequências estão em Collapse, livro de Jared Diamond. O título já dá uma dica.
João Pereira Coutinho escreveu em sua última e ótima coluna sobre uma moda que anda pegando pelo mundo civilizado. A vida limitada a 100 objetos essenciais. Todo mundo pode viver bem com 100 objetos, a questão é saber o que você escolheria. No guarda roupa por exemplo, eu viveria muito bem de calça jeans, botina e camiseta. Não teria mais trabalho para escolher roupa, que nem o Paulo Coelho que só anda de preto. Eu escolheria minha cuia de tereré, minha grelha argentina, minha cafeteira napolitana. Um toca-discos, Billie Holiday, Diana Krall, Room Eleven, Norah Jones. Livros de aventura, Robinson Crusoe, a Ilha do Tesouro, Huckleberry Finn, Robin Hood, Moby Dick, 20.000 Léguas Submarinas, Winnetou. Calvin & Hobbes.
Uma rede. Meus filmes antigos. Minha pistola de atirar em latinhas. Tintas e pincéis. Fotografias.
Este laptop para escrever.
Nada de tv ou telefone.
Ok, é uma utopia. Ninguém aqui é hippie. Mas vale a pena pensar quais são os objetos que importam na sua vida.
E vale a pena pensar, antes de comprar alguma coisa: eu realmente preciso disso?
Eu estou como naquela frase de caminhão que dizia "cada vez mais eu quero menos".

3 comments:

bete p.silva said...

É, eu também já andei lendo dessa aí dos 100 objetos. Ainda não fiz minha lista, mas felizmente sou bem despojada, já possuo bem pouco.Quando houve um acidente no metrô, em que casas desabaram, e as pessoas tiveram apenas 5 minutos para entrar em suas casas e pegar o que desse, aquilo me levou a refletir. Tanto que organizei documentos, escrituras e cartões bancários em um único lugar.

Lelê Carabina said...

Eu reprovo no teste prático ao parar na frente de uma vitrine de sapatos! =)
Bem, eu também sou adepta ao modo simples de vida no sentido de que não coloco o material como base principal para a felicidade, mas a partir do desapego interior que se exercita no hábito diário permanente (eu tento...), pois se a pessoa não tiver este desejo dentro de si como forma de vida, não haverá mundo que a convença, porque a pessoa é essencialmente egoísta (talvez temporariamente por algum modismo). Interessante é que esta simplicidade nem sempre é simples, ou: consumir menos e ao mesmo tempo ficar mais sofisticado e exigente. Enfim...

Lelec said...

Olá Fernando,

Taí um exercício saudável a ser feito. Gostei bastante do texto do Coutinho.
Na minha lista de 100, não faltariam meu violão, uma dezena de livros, dois jeans e, é claro, o computador para continuar acessando seu blog.

Abraço,

Lelec