Tuesday, May 26, 2009

Subsídios


Mais de um terço de todo o orçamento da União Européia é destinado a subsídios agrícolas.
A Europa justifica os subsídios em nome da própria segurança alimentar. Com elevados custos de produção, a comercialização e industrialização dos produtos agrícolas europeus seria inviável se não fosse a interferência do Estado.
Fora isso os subsídios ajudam a manter a população rural no campo, a conservar a paisagem e o meio ambiente e a manter a produção das regiões rurais mais tradicionais.
Para o resto do mundo, os subsídios distorcem preços e o mercado internacional, e penalizam produtores mais eficientes e não subsidiados como o Brasil.
Até aí tudo bem, mas se você achava que quem estava recebendo o tutu de Bruxelas era aquele típico paisano criando ovelha na montanha e fazendo queijo bolorento, pense de novo.
Pela primeira vez a UE obrigou seus países membros a tornar público o nome dos beneficiários dos subsídios agrícolas.
E ao que parece, a realeza e multinacionais são os maiores beneficiários da mamata.
A rainha da Inglaterra recebeu em subsídios no ano passado a módica quantia de 530.000 euros. O príncipe Charles e sua horta orgânica 180.000 euros.
Duas empresas italianas produtoras de açúcar receberam mais de 100 milhões de euros cada uma.
Dos top 5 da lista, só a multi irlandesa Greencore Group, processadora de alimentos, não era italiana. A Greencore recebeu 83 milhões.
A francesa Doux, produtora de frangos e dona da Frangosul recebeu 62 milhões.
Na Holanda, foram duas produtoras de açúcar também as maiores beneficiárias, com mais de 26 milhões de euros cada uma.
A Alemanha se recusou a publicar os dados em nome da privacidade das empresas e a Comissão Européia vai iniciar uma ação legal contra o país. A idéia é tornar o sistema todo mais transparente.
Enquanto isso o mega-estado europeu faz seu contribuinte pagar cada vez mais por uma política agrícola insustentável.
E graças às taxas extorsivas cobradas por exemplo em cima do açúcar brasileiro, indiano ou sul africano, os consumidores europeus pagam o dobro do que pagariam por uma colherzinha do produto para por no café.
A UE parece não entender também que o livre comércio ajudaria mais o Terceiro Mundo a sair da pobreza do que toda a ajuda financeira e toda a miríade de ONGs inúteis que eles despacham mundo afora.
Deveriam usar seus subsídios para proteger realmente o paisano queijeiro e a agricultura familiar tradicional com suas hortas orgânicas (mas não a do príncipe, eu acho que ele pode muito bem se virar sozinho).

2 comments:

Augusto Araújo said...

Quiááá,

muito bom

Everardo Ferreira said...

Devemos susbsidiar também os nossos produtores rurais, especialmente os familiares, mas há o problema do preconceito contra o MST. Aquí se entende que subsídio é somente para grandes fazendeiros, que especulam com terras e compõem cartéis de alimentos.