Friday, October 09, 2009

O fim da solidão


Trechos do artigo de Emma Riverola, publicitária e novelista, no El País de 04/10:

1. Agora, Facebook, Twitter, Tuenti e outras redes sociais estão convertendo o desenvolvimento pessoal em um cruzeiro de massas. Os jovens crescem na rede, compartilham cada minuto de sua evolução e de sua intimidade. Perda terrível da vida privada, dirão uns. Aumento da transparência e da sinceridade, dirão outros. A única certeza é que, com seus prós e contras, o vírus do exibicionismo dos reality shows penetrou em nossa conduta social.

2. Há uma necessidade, uma obrigação de ser visíveis. Somos a imagem que se reflete nos olhos dos demais. E nessa obsessão por compartilhar a existência, se esconde um modo de reafirmar a identidade, de reclamar um lugar no grupo, e de lançar ao ar um "aqui estou, conte comigo!".

3. O anonimato produz terror, do mesmo modo que assusta a sociedade. As redes sociais são o espantalho que afasta o fantasma da exclusão, o rincão das vozes que rompem o silêncio e a tristeza. Frente à tela do computador podes sentir que formas parte de um grupo, que tens um lugar onde levar as emoções, onde compartir seu tempo.

4. Mas a solidão também é uma fonte de riqueza em nossas vidas. Nela se encontra o germe do pensamento, da arte, de nossa própria identidade. Em um mundo permanentemente conectado, os espaços de isolamento se reduzem até converter-se em preciosas pérolas exóticas. Então surge a dúvida. A incerteza de saber se a geração que está crescendo sobre o abraço contínuo das redes sociais saberá estar só. Se ao não receber a dose habitual de solidão adolescente não deixará mais vulnerável ao sombrio e temível ataque do gregarismo (viver aglomerado).

Do ex-blog de César Maia

3 comments:

Anonymous said...

Fim da solidão?
De fato?
Será?

Relato uma cena familiar.
Eu, mãe, vó, irmã e sobrinhos numa pizzaria.
Na entrada, Mariana, de 15 anos, diz:

- Tia, acho que aquele lá é o Rodrigo?
- Quem?
(e ela aponta um adolescente super bonitinho, tbem com a família).
- É. É ele, sim.
- É teu amigo?
- Sim! Ele está no meu msn e no meu orkut.
- Uai, vai lá dar oi para ele.
- Eu não!!
- Como assim, 'não'? Vcs não conversam pela net? Não são amigos?
- Sim, mas eu não vou dar oi para ele.
---------------------
Nem ela o cumprimentou. Nem ele a ela.

No dia seguinte, eu a vejo falando com ele, pelo msn, sobre a pizzaria...


Sei lá que tipo de laços esta geração vai atar com as pessoas reais.


beijo, Fernando.

deborah

Sergio Storino said...

Fernando,

Gostaria de levar esse post para o meu blog - obviamente com os devidos créditos para o Lumières.

Um abraço

PS: Li uns seis artigos do seu blog, todos muito bons. Parabéns!

Alma said...

À vontade Sergio, na verdade o crédito é todo da Emma Riverola...