Saturday, August 25, 2007

Pense Bem Nisso


Vocês têm um primo doidão?

Eu tenho.

E aqui está ele atuando num filme de Paulo de Tarso, o DISCA.
Um ator, um diretor e atitudes impensáveis.

http://youtube.com/watch?v=dQoijvqrq_M

Friday, August 24, 2007

Vaia nele


A Terra do Nunca socialista


De quantos escândalos tivemos notícia nestes dois mandatos do presidente Lula envolvendo seu partido e membros do seu governo ?
Os Correios, o mensalão, Duda Mendonça, o dossiê dos Vedoin, Silvinho Land Rover, a quebra de sigilo do caseiro, Delúbio e o caixa dois, dólares na cueca, malas de dinheiro, financiamento de ONG’s, a Game Corp do Lulinha, a crise aérea e todos os seus mortos, o aparelhamento do Estado, das agências, da Polícia Federal, os cubanos deportados…Quantos mais ?
E o Lula não sabe de nada. E seu partido não sabe de nada, diz que a culpa é da mídia golpista.
E agora que o Partido se prepara para seu 3° congresso, finalmente escancara com clareza sua intenção de implantar uma ditadura comunista (ou democracia popular como eles dizem) no Brasil.
Está tudo aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=VNPjm0qfByc
Na visão da esquerda, o futuro é uma utopia onde o capitalismo está extinto, onde os trabalhadores são os donos do poder, onde a riqueza é igual para todos.
Lula comprou 45 milhões de votos com seu Bolsa Família. O benefício atinge 25% da população brasileira, que apesar disso permanece na miséria. Simplesmente porque este sistema de assistencialismo não oferece portas de saída para a pobreza. Não há investimento em educação e qualificação profissional, não há investimento em infra-estrutura e reformas econômicas que melhorem o crescimento da economia e a criação de empregos.
A esquerda acena com a promessa de um mundo novo e melhor para tomar o poder e perpetuar-se nele. É o que o PT fez. E é o que quer continuar fazendo, junto com os democratas Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales e as FARC colombianas. Estão todos juntos no Foro de São Paulo criado pelo PT.
Aprendi muito nos últimos meses lendo Olavo de Carvalho e suas idéias sobre a mente revolucionária. A promessa esquerdista do mundo melhor para todos é a desculpa que o Partido tem para cometer todos os crimes que quer. Tudo é justificado em nome da luta socialista. Por isso Lula nunca precisa saber de nada, por isso que Delúbio Soares ri e faz churrasco, por isso Dirceu anda por aí dando ‘‘consultorias’’, por isso é que petistas podem sentar-se à mesa com narcotraficantes, por isso nenhum canalha que pertence à squadra rossa tem medo de ser punido. Nada do que é feito agora importa, porque a história a ser escrita pelos revolucionários no futuro absolverá estes crimes.
Acontece que o futuro maravilhoso é uma mentira. É uma promessa vazia que não vai ser realizada nunca. Porque o que o partido quer é isto que estamos vendo hoje : cargos comissionados, controle da mídia, contrôle das estatais e seus fundos de pensão, eles querem enfim o poder nas mãos dos companheiros, eles querem suas comissões e malas de dinheiro.
Enquanto isso continuam a enganar a multidão de miseráveis otários com a promessa da Terra do Nunca, o paraíso vermelho que não chega nunca.

Todo es Venezuela...


O maluco de Caracas, conhecido como Hugo Chávez desta vez assustou até os holandeses. Falando ao parlamento da República Bolivariana da Venezuela, Chávez disse querer investigar as fronteiras ao norte da Venezuela. Segundo o ditador, tudo que esteja dentro de 200 milhas náuticas pertence à Venezuela, ou seja, as Antilhas Holandesas formadas pelas ilhas de Curaçao, Aruba e Bonaire seriam legalmente venezuelanas…Aruba não está nem a 40 milhas da Venezuela. Os jornais holandeses noticiam o que pode ser o princípio de uma segunda guerra das Malvinas. Os políticos tomam Chávez como um bravateiro e não acreditam que a queixa venezuelana vá para frente. Segundo o Ministro da Defesa holandês, as fragatas de segunda mão de Chávez não são páreo para a marinha holandesa… Eu acho que os holandese deveriam ser mais cuidadosos. Chávez tem usado grande parte dos seus petrodólares para comprar mísseis, helicópteros e outros armamentos na Rússia. Deve estar doidinho para estrear os brinquedos novos e arrumar uma encrenca internacional com os ‘‘imperialistas’’ pró americanos.

Thursday, August 23, 2007

Os novos senhores do crime


Na semana passada os jornais europeus noticiaram a execução criminosa de 6 jovens italianos na cidade de Duisberg, na Alemanha. Na opinião das polícias alemã e italiana e de jornalistas em geral trata-se de um acerto de contas da ‘Ndrangheta, a máfia calabresa.
Uma reportagem da Nouvel Observateur desta semana revela um inquietante retrato do poder de fogo destes novos reis do crime.
‘Ndrangueta vem do termo grego ndrangatos, homem de valor, corajoso. A imagem que se tinha da organização eram paesanos semi analfabetos armados de luparas nas montanhas da Calábria matando-se uns aos outros em vendettas e executando sequestros como fonte de renda. Mas essa realidade já acabou há muito tempo. As pesadas operações policiais que acabaram com o poder da Cosa Nostra siciliana nos anos 80 criou um vácuo no submundo do crime organizado. A ‘Ndrangheta soube aproveitar a ocasião e ainda oferecer algumas vantagens aos seus parceiros de negócios. Ao contrário da Cosa Nostra siciliana, a ‘Ndrangheta não tem um chefão, sua estrutura é horizontal e os vários clans se alternam no poder. As famílias, isoladas em vilarejos na Calábria comunicam-se em seu dialeto, e estão quase todas ligadas por laços de sangue, há muito poucos arrependidos e dedos-duros. Uma omerta impenetrável barra toda e qualquer tentativa de investigação. Além disso todos os mafiosos possuem negócios lícitos como restaurantes e fábricas.
Os colombianos das FARC e da AUC perceberam o valor dos calabreses, e confiaram-lhes um terço de todo o mercado de cocaína no mundo. Hoje, não há um grama de coca que entre na Europa sem a benção da’Ndrangheta. Fora a cocaína, as operações dos calabreses se estendem da Europa aos Estados Unidos e Australia onde além da droga estão envolvidos com jogo ilegal e tráfico de imigrantes. Estima-se que a ‘Ndrangheta movemente hoje 40 bilhões de dólares por ano. Famílias da Calábria também investiram pesadamente no mercado imobiliário na Alemanha Oriental logo após a queda do muro, assim como na Rússia e no Sul da França. O serviço secreto alemão diz que investiram até na Bolsa de Frankfurt, especialmente no setor de energia, onde teriam comprado 3% da empresa Gazprom.
A matança em Duisberg seria uma vendetta entre o clan dos Strangio e dos Vottari. O problema teria começado no carnaval de 91 quando alguém de uma família atirou uns ovos em alguém da outra família. O motivo já não importa mais. A vendetta só acaba quando o último homem portador do nome maldito morrer. Ou por um casamento.
A ‘Ndrangheta é hoje o retrato de um paradoxo. Se por um lado vemos clans medievais, quase folclóricos, combatendo por poder e por vingança, por outro existe uma máfia sofisticada e globalizada, cujo braço feroz pode te alcançar a toda parte.

Wednesday, August 22, 2007

Os Impressionistas


Alguns lugares, em certos períodos da história foram particularmente abençoados com genialidade. Imagine-se Atenas no Século de Péricles com seus filósofos, arquitetos e artistas. Ou a Holanda do século XVII com seus pintores. E falando em pintura, Paris no fim do século XIX. A BBC acabou de passar por aqui uma série televisada em três capítulos sobre os pintores que criaram o Impressionismo. Conta como Monet, Manet, Renoir, Degas, Bazille, Cézanne, Pissarro, todos eles acabaram se encontrando e influenciando-se mutuamente para criar este movimento que viria separar a arte clássica da arte moderna. Uma produção e elenco impecáveis, quem puder vale muito a pena assistir.

Va, Vis, Deviens


Poucos ouviram falar deles, mas os falasha são judeus negros que habitam vilas isoladas das montanhas da Etiópia desde tempos antigos. Segundo a lenda seriam descendentes do Rei Salomão de Israel e da Rainha de Sabá. Durante os anos oitenta, quando a fome e a seca assolavam a Etiópia, Israel e os Estados Unidos puseram em prática a Operação Moisés, destinada a repatriar em Israel os judeus etíopes. A Etiópia estava então nas mãos da ditadura comunista de Mengistu, que proibia a emigração. Os falashas abandonavam então suas vilas a pé em direção ao Sudão, onde eram recebidos em campos de refugiados à espera do resgate israelense. Mais de 8.000 falashas foram enviados a Israel na Operação Moisés. Estima-se que 4.000 tenham morrido durante a fuga da Etiópia, de fome, doenças, sede e exaustão.
O filme do romeno Radu Mihaileanu conta a história de Schlomo, um menino cristão de 9 anos forçado pela mãe a abandonar o campo de refugiados junto com os falashas para viver em Israel. Sua mãe é quem lhe dá o conselho que faz o título do filme: vá, viva, seja alguém. Em Israel Schlomo terá que se adaptar a uma nova religião, uma nova família, uma nova língua em um país moderno e cheio de conflitos. Adotado, negro, cristão de nascimento e judeu pelo destino, Schlomo tenta construir uma identidade carregando ainda o remorso de ter abandonado a mãe. O filme é a história de sua luta para seguir o conselho que a mãe lhe deu. Um história sem dúvida muito interessante e cheia de dilemas, o que compensa um filme bom mas que tem cenas que você gostaria de ver mais e cenas que você queria que passassem mais depressa. Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Copenhague em 2005 e do melhor script no César de 2006.

Sunday, August 19, 2007

Nudes and Flowers

















Fotos de Philippe Pache

Saturday, August 18, 2007

Os perfeitos idiotas Latino Americanos


Depois de silenciadas as oposições, o Congresso e a imprensa, a ditadura já é a cruel realidade que vive a Venezuela, aquele país onde Lula disse que havia excesso de democracia.
Chávez já providenciou uma maneira de se tornar, como Fidel e Kim Jong Il, o presidente vitalício de seu país.
Enquanto continua sua revolução bolivariana, Chavez e seus amigos Evo Morales e Nestor Kichner (outros empenhados em empobrecer os próprios países por populismo e demagogia) fazem “top, top, top” à la Marco Aurélio Garcia para nós, fechando acordos de exploração e distribuição de gás nas costas do Brasil.
É isso aí, a cada vez que Lula dá uma mão a essa gente recebe uma rasteira em troca. E ainda assim os admira. Deve estar com uma inveja danada de Hugo Chávez e seus mandatos contínuos.
César Maia disse em seu ex-blog que publicitários profissionais lhe disseram que essa campanha "decida pelo 3" do Banco do Brasil é destinada a disseminar a idéia de um terceiro mandato de Lula. Nunca se sabe, aqui é preciso desconfiar de tudo.

Second Life


Vários jornais e sites tem noticiado o sucesso do Second Life, o mundo virtual onde você pode ser outra pessoa, criar negócios e encontrar gente nova. Desde sua criação por Philip Rosendale em 98, Second Life já conta com 8 milhões de adeptos. Empresas reais, igrejas e partidos políticos também invadiram este mundo virtual para propagar marcas e idéias.
Acontece que o Second Life está deserto. Segundo uma reportagem de Ramón Muñoz no El País, as pessoas se inscrevem, criam seus “avatares”, usam um pouco e se entediam. Apesar dos 8 milhões de usuários registrados, no máximo você encontrará de 30 a 40 mil pessoas no Second Life. E a maioria delas quer ir a dois lugares: Money Island e Sexy Beach. Adivinhem para quê. Várias empresas de verdade que investiram adquirindo “ilhas” no Second Life estão desistindo e abandonando o investimento. Afinal para que serve o Second Life?
Certa vez estive no Rio de Janeiro com um grupo de nerds da faculdade visitando o Instituto Oswaldo Cruz. A internet estava em seus primórdios no Brasil e os chats on-line eram a onda do momento. Eu nem sabia o que diabos era aquilo e pensava como aquele povo achava divertido conversar com gente que eles não conheciam. Ao final, os nerds da minha faculdade combinaram com os nerds do Rio que frequentavam os chats de se encontrarem na Academia da Cachaça, um conhecido bar carioca. Chegando lá se decepcionaram porque não encontraram ninguém. Ficamos por ali tomando umas e outras e conversando e até que nos divertimos.
Depois, de volta a São Paulo e conversando no chat, os nerds da minha faculdade descobriram que os nerds do Rio também estavam no bar, na mesa ao lado, e tinha ficado decepcionados em não terem encontrado ninguém. Aquilo fez eu desistir de mundos virtuais por muito tempo.
Eu acho que quem precisa de Second Life é alguém que tem um First Life bem entediante, ou alguém que quer ser quem não é.

The King


Deu um furdúncio (que é como se chama confusão em Piracicaba) lá no blog do Jamari França, a respeito da majestade de Elvis Presley. Jamari contestou o título de Rei do Rock, um leitor ofendeu-se mandou uma carta defendendo Elvis, Jamari discordou de novo dizendo que o Rei do Rock deveria ter sido Chuck Berry. E ele tem razão mesmo nesse ponto, o rock nasceu da música negra e o racismo impediu que os verdadeiros pais do rock aparecessem. O que não impede no meu ponto de vista que se diga que Elvis foi um grande artista, acordando toda uma geração para um som novo. Mesmo John Lennon confessadamente começou a tocar guitarra ouvindo Elvis Presley na rádio inglesa.
Segundo Jamari França Elvis tocou um pouco de rock e foi se acabar em Las Vegas cantando baladas românticas. Pode até ser, mas o público o escolheu como Rei então fazer o quê? Aliás se dependesse do público Elvis estaria canonizado.
Já se vão 30 anos que o homem se foi e continua cultuado no mundo inteiro, e muitos picaretas ainda continuam fazendo dinheiro em seu nome.
E se ele não morreu? O Jamari conta no blog que a história mais bizarra que ele ouviu é a de que Elvis depois de muitos anos, já meio acabadão depois de tomar todas, voltou a Las Vegas para um concurso de imitadores de...Elvis. E ficou em sexto lugar.

Wednesday, August 15, 2007

Bitch


Assista o vídeo filmado na Argentina do Room Eleven interpretando a música I'm a bitch de Alanis Morrissete...

Room Eleven


Six White Russians & a Pink Pussy Cat é o nome do primeiro álbum deste grupo que virou a nova revelação do jazz holandês.
O grupo apareceu há 5 anos atrás quando a vocalista Janne Schra colocou um anúncio no mural do Conservatório de Utrecht procurando outros músicos para uma banda. A ela se juntaram o guitarrista e compositor Arriën Molema, o tecladista Tony Roe, no baixo Lucas Dols e na bateria Maarten Molema. A formação lembra os Little Willies de Norah Jones. Janne, como Norah, tenha uma voz sua incomparável, agradável e doce, felizmente cantando em inglês e não em holandês.

O disco saiu neste último dia 9 de junho. As músicas são criativas, delicadas e têm um toque de violão folk e um ritmo que vai do jazz improvisado à bossa nova. É novidade das boas, um dos melhores discos na minha coleção.

http://www.roomeleven.nl/

Relativismo cultural homicida


O Telegraaf, e este blog em consequência, antecipou (ou provocou) a reportagem da Veja desta semana sobre o infanticídio nas tribos indígenas brasileiras. A revista traz histórias pavorosas sobre o que acontece nas aldeias, e outras de esperança como a história da missionária Márcia Suzuki que conseguiu salvar e adotar essa indiazinha que está com ela na foto. Reinaldo Azevedo em seu blog comenta a reportagem da Veja: “Ainda que se possa piscar um olho ao relativismo cultural — “estes são os costumes deles; não temos nada com isso” —, o que choca, aí sim, é a conivência de antropólogos e indigenistas da Funai, que se fazem, então, tutores do assassinato. Se estes índios estivessem internados na floresta, sem qualquer forma de contato com a nossa civilização, não seria um caso de condescendência dos “brancos”, mas de ignorância. Estando, no entanto, ao abrigo das leis que regem o estado brasileiro (e eles estão), fazer vistas grossas diante do crime ou, pior, criar obstáculos a que se o impeça constitui, a um só tempo, ato imoral e também criminoso. É o momento em que o relativismo cultural se torna homicida. São menos os índios a matar aquelas crianças do que os “brancos” dispostos a condescender com aqueles hábitos.”
Falando em relativismo cultural, o comentário de um holandês no Telegraaf me chamou a atenção. Dizia ele “Aqui na Holanda também se faz a mesma coisa, mas aqui chamam a isso de aborto”. Este entendeu que talvez os que se dizem tão civilizados estejam mesmo é mais próximos do que pensam da barbárie.

Saturday, August 11, 2007

O Alcorão e a Holanda


Esta semana, um deputado holandês chamado Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade, discursou no Parlamento pedindo a proibição do Alcorão, o livro sagrado muçulmano. Segundo Wilders, o Alcorão é o Mein Kampf islamita, um livro fascista que incita à violência. Obviamente o discurso foi um escândalo provocando reações diversas na sociedade holandesa. Um rapper já fez uma música dizendo que Wilder mereceria uma bala na cabeça. Representantes islâmicos perguntaram se ele proibiria a Bíblia e a Torá também. Por outro lado, 20% dos holandeses dizem que ele têm alguma razão.
Eu acho que as idéias de Geert Wilders são ainda piores do que seu penteado. Hoje em dia, escreveu Giuliano da Empoli em seu ensaio “Entre hedonismo e medo”, a atenção é a commoditie mais valiosa do mercado. Conseguir atenção significa poder, o que vale para políticos, celebridades e para a gente comum que se inscreve em massa nos reality shows da TV. Eu acho que atenção é a única coisa que Geert Wilders quer com seu discurso.
O Alcorão é o livro sagrado da segunda religião mais importante do planeta, com mais de 1.3 bilhão de crentes. Destes, uma ínfima minoria usa uma interpretação do Livro para um projeto de poder totalitário. Este projeto de poder chama-se islamismo, e isso sim deve ser combatido.
O Mein Kampf de Adolf Hitler não pode ser editado ou vendido na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Não é difícil imaginar porque, já que o propósito do livro é realmente propagandear o nazismo. Comparar Mein Kampf com o Alcorão é no mínimo uma imbecilidade.
A Holanda sempre teve uma longa e louvável história de tolerância religiosa, base da multiculturalidade que se vê no país hoje. A democracia holandesa baseia-se no respeito ao indivíduo, e é irônico que um Partido que se intitula da Liberdade apareça com uma proposta dessas. A democracia na Holanda e em qualquer lugar pode e deve proteger-se contra o totalitarismo. Isso se faz proibindo o Alcorão? Não. Isso se faz proibindo-se que um partido islamita queira implantar a sharia como lei, ou que mulás extremistas discursem incitando jovens à violência, ou que a vida de alguém seja ameaçada por fatwas.
A New York Review of Books traz um interessante artigo de Malise Ruthven sobre os livros de Tariq Ramadan: “In the Footsteps of the Prophet”, “To Be a European Muslim” e “Western Muslims and the Future of Islam”. Tariq Ramadan é um intelectual islâmico que vive hoje na Inglaterra. Embora já tenha sido descrito na França como um lobo em pele de cordeiro, Ramadan se esforça para que jovens imigrantes muçulmanos se integram às sociedades ocidentais sem traumas. Em seus livros, ele insiste em que o Alcorão e a vida do profeta sirvam como inspiração para a verdadeira jihad. Não aquela contra os inimigos externos do Islam mas do homem contra seu próprio ego. Diz ele: “O verdadeiro significado da espiritualidade Islâmica está na reforma do seu espaço interior...Amar em transparência e viver na luz”.
Talvez Tariq Ramadan seja otimista demais como diz Malise Ruthven, mas talvez o Alcorão possa servir não só à causa do islamismo mas à sua também, o que Geert Wilders deveria tentar entender.

Ratatouille


Fui assistir o novo desenho da Pixar no cinema. É impressionante ver a perfeição que atingiu a animação por computador desde Toy Story. Paris é reproduzida como se fosse fotografia. As cores e texturas dos objetos e as expressões das personagens são extremamente bem feitas. Mas Ratatouille é mais que isso, é a história hilária de um ratinho que quer ser chef de cuisine, e que na sua trajetória contracena com outras personagens, ratos e humanos, não menos hilários. Nada mais nojento do que um rato na cozinha, mas por isso mesmo a história é boa. Guiado pelos ensinamentos de seu guru, o chef Auguste Gusteau, Rémy, o ratinho cozinheiro vai aprender a deixar de lado a vida de ladrão de comida para se tornar um chef. Nesse caso, a culinária francesa e a filosofia dão as mãos no filme. Outro dia até o editorial da Veja citava Montaigne que dizia que “o que eu sou para mim mesmo importa mais do que o que eu significo para os outros”. Ou seja, você pode fazer suas escolhas para se tornar o que quiser ser. Mesmo que seja um rato querendo virar cozinheiro.
E na parte culinária, Rémy nos lembra que comida deve despertar emoções. Hoje em dia estamos nos tornando ratos, nos alimentando de lixo. Com sua ratatouille, originalmente um prato de caipiras franceses, ele devolve ao crítico (e a nós) a sensação do sabor perdido. Eu mesmo assistindo o desenho lembrei de quando comi ratatouille a primeira vez, em uma fazenda perdida no Maine et Loire...

A serviço do ditador


Em mais um fantástico desempenho da nossa diplomacia e dos democratas do PT, o Brasil acaba de cometer um crime.
Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, dois excelentes boxeadores cubanos que vieram para os jogos Pan Americanos no Brasil desistiram de voltar a Cuba. Fidel, prevendo a deserção em massa de seus atletas resolveu convocar sua delegação de volta à ilha sem esperar nem mesmo o encerramento dos jogos. Com o talento que têm, os atletas cubanos sabem que em qualquer lugar do mundo viveriam bem melhor que em seu país.
O Brasil deportou os dois atletas de volta sem conceder aos desgraçados nem ao menos uma entrevista. Foram mandados embora incomunicáveis. E o governo quer nos fazer acreditar que foram de livre e espontânea vontade. Sei, sei... Eu sei é que a Polícia Federal brasileira prestou serviço a uma ditadura. Nas palavras de Fidel “o atleta que abandona sua delegação é como o soldado que deserta seus companheiros em meio ao combate”. Os dois boxeadores já estão proibidos de participar de quaisquer outras competições internacionais, e esta certamente não será sua única punição. Agora alguém explica porque eles estariam ansiosos por voltar à ilha sabendo o que lhes aconteceria?
Fidel e o comunismo em geral, acham que estes indivíduos não têm o direito de decidir sobre o próprio destino. Marcelo Coelho escreve na Folha On line que “A idéia é que o boxeador não é dono de um talento que possa empregar como quiser. O indivíduo –qualquer indivíduo— é o que é porque o Estado investiu nele, “com sacrifícios”. O indivíduo é quem deve satisfações ao Estado, e não o contrário.”
É exatamente este o mal do pensamento esquerdista, o Estado (e o Partido) acima do indivíduo.

TO A PRIZE BIRD



You suit me well, for you can make me laugh,
nor are you blinded by the chaff
that every wind sends spinning from the rick.

You know to think, and what you think you speak
with much of Samson's pride and bleak
finality, and none dare bid you stop.

Pride sits you well, so strut, colossal bird.
No barnyard makes you look absurd;
your brazen claws are staunch against defeat.
Marianne Moore

Dog Day


Que semana de cão...

Thursday, August 09, 2007

A misteriosa chama da Rainha Loana


Ganhei este romance do Umberto Eco de minha irmã no Natal passado. E minha pilha de livros para ler continua grande...
O livro é história de Yambo, um senhor de idade e um culto negociante de livros raros, que perde a memória após um acidente.
Em busca de seu passado, revisita a casa de campo onde passou parte da infância. Ali, sozinho, vai juntando os cacos da sua existência e desvendando a névoa em que se encontra.
Umberto Eco usa todo seu imenso conhecimento em semiótica para desvendar junto com Yambo todos os símbolos de vida perdida. São histórias em quadrinhos, livros, canções, posters de cinema, revistas antigas, programas de rádio que juntos compõe o quadro que é não só sua história, mas a história da Itália, da Europa e do mundo ocidental, tudo isso em uma edição ilustrada pelo autor que ajuda muito a entrar na mente da personagem.. Aprendemos sobre comportamento, sobre a esquizofrenia da era fascista que bombardeava os italianos com canções cultuando a morte heróica enquanto perdiam a guerra, sobre o despertar sexual guiado pelas amazonas de gibis e por estrelas de cinema. Sobre poesia e o amor, sobre a guerra e do fim da infância.
Muito do romance tem um quê autobiográfico. Em algumas crônicas de “A Passo de Caranguejo”, Eco nos brinda com várias reminiscências de sua infância que tem muito em comum com o personagem deste livro.
Mas no fim, Yambo (e nós juntos) descobrimos a névoa que o cerca, e descobrimos que a Misteriosa Chama da Rainha Loana é ainda por cima um livro sobre o amor.
Delicioso de se ler, com ilustrações perfeitas e um fantástico e delirante final.

Ainda os índios


Este blog perguntou a Hélio Schwartsman, bacharel em filosofia e colunista da Folha de S. Paulo o que ele achava do problema noticiado no Telegraaf.

(Não conheço Hélio pessoalmente mas sou um admirador de seus textos).

Responde o filósofo:

Fernando,

É o velho dilema do antropólogo. Na verdade, as duas soluções são ruins.Seja como for, eu só deixaria de salvar as crianças se fossem tribos intocadas (sem nenhum contao prévio com o branco). De toda forma, mandaria técnicos da Funai fazer o "resgate", não missionários, cujo propósito é necessariamente destruir a cultura indígena.
Abraço,

H.

A resposta é boa, mas ainda acho que antropólogos não deveriam tratar índios como espécies a preservar, sob o risco no futuro estarem preservados em zoológicos. Se Colombo fosse antropólogo não estaríamos aqui. Ele teria ficado na caravela olhando de luneta os índios matando-se e comendo-se nus na praia.
Eu acho que como humanos os índios têm direito às vantagens que a civilização trouxe ao resto da humanidade, e o resto da humanidade tem a vantagem de integrar uma nova cultura e todo seu conjunto de realizações e conhecimento em seu processo civilizatório. Neste aspecto eu concordo que deva ser a Funai ou qualquer órgão que queira conhecer e preservar a cultura indígena a interferir, não como disse Hélio e com razão, alguém que queira destruí-la.

Saturday, August 04, 2007

El oro


Um amigo espanhol certa vez caminhado pelas ruas de Quito foi violentamente abordado por uma senhora já idosa quer perguntava
- Donde está el oro? Donde está el oro?
E ele completamente desnorteado:
- Que oro tia?
- El oro que ustedes nos robaran...
A velhinha queria ser ressarcida por toda a riqueza que os espanhóis levaram das Américas nos séculos XVI e XVII...Este mesmo amigo diria espantado a seus amigos equatorianos:
- Nós demos a vocês a civilização, a língua espanhola e a religião católica, o que querem mais?
Existe uma certa ilusão esquerdista de que as Américas viviam em paz e tranquilidade antes da chegada dos descobridores, e que a conquista do Novo Mundo trouxe mais mal do que bem. Não vêem que os nativos viviam em um estágio parecido com o Neolítico matando e comendo uns aos outros. Mesmo as civilizações pré-colombianas mais avançadas como astecas, incas e maias viviam guerreando, escravizando e sacrificando os vizinhos. Por mais brutal que tenha sido a colonização da América, herdamos pelo menos o conceito cristão de que é bom amar o próximo. Isto sim vale ouro.

Zoológico do futuro


Existe uma tribo indígena na Amazônia que tem o costume de enterrar vivos bebês com alguma deficiência mental ou física. Segundo a tradição essas crianças são a morada de maus espíritos e o pajé diz que se a criança não for enterrada o mau espírito passará à mãe que certamente morrerá logo em seguida.
O jornal holandês Telegraaf publicou uma notícia sobre uma missionária chamada Márcia Suzuki que luta para salvar os bebês para enviá-los para tratamento na Europa.
O maior inimigo da missionária é o governo brasileiro, que diz que os índios devem ser deixados em paz com suas tradições. Michel Blanco, porta-voz da Funai diz que prefere salvar a tribo toda do que um bebê.
O que me impressionou mais ainda foram as reações dos leitores holandeses que em sua grande maioria também acham que se deve deixar os índios em paz.
É estarrecedor. Estamos diante de um crime horrendo e ninguém diz nada contra. Em nome de quê? Da multiculturalidade? Os holandeses são bons nisso. Em nome dessa tal multiculturalidade acabaram permitindo que o Islamismo radical se infiltrasse fundo nos guetos de Amsterdam e Rotterdam, ameaçando a mesma liberdade que lhes foi oferecida de presente.
Para mim, tanto a visão esquerdista da Funai e do governo brasileiro como a do estrangeiro que só sabe o que é um índio por livros idealizam um nativo que vive feliz na floresta dormindo na rede e pescando. É o mito do bom selvagem, do homem puro.
Um grande mentira é o que é isso. Se o homem pode ser ruim com civilização ele é muito pior sem ela. Podemos tolerar que bebês sejam enterrados vivos? Podemos tolerar a circuncisão feminina ou o apedrejamento de adúlteras em certas sociedades muçulmanas? Podemos tolerar canibalismo e escravidão em outras porque é parte da “cultura” desses povos?
É absurdo e impensável. A Funai pensa nos índios como se estes fossem alguma espécie de mico leão a ser protegida, não como seres humanos. Se fosse pela Funai nossos índios viveriam para sempre ignorados nas selvas. Até o belo dia em que um deles descobrisse atrás de uma folha de bananeira que está preso atrás das grades de uma reserva, olhando a cidade enquanto crianças brancas lhes atiram amendoins. Privados para sempre de tudo o que o resto da humanidade conquistou.
Se fosse por mim, os índios teriam que ter oportunidades de estudar, trabalhar e integrarem-se à sociedade. E a Funai estaria ocupada em estudar sua cultura e sua língua para que não desaparecessem. E em explicar aos índios porque não se deve matar bebês.

Cortem-lhe a cabeça


Notícia da Agência Estado:
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta quinta-feira, 2, na reunião do Conselho Político, que o governo não sabia da gravidade dos problemas no setor aéreo. "Nessa questão, é como uma metástase que o paciente não sabia", teria comparado Lula, de acordo com relato de participantes.”

Um livro infantil meu contava a história de um reizinho que vivia sendo bajulado por sua corte. Era mais ou menos assim: ele não se interessava por nada no reino porque sempre lhe diziam que tudo andava às mil maravilhas.
Certo dia o rei resolveu ir passear. Os assessores apavorados com a idéia mandaram construir lindos cenários que escondiam favelas e lixões, encheram as ruas de atores pagos para aplaudir e retiraram mendigos e os que protestavam das ruas. Tudo correu bem até que algum gaiato derrubou um dos cenários que foi derrubando todos os outros como um dominó, e só aí o reizinho foi perceber o que acontecia de verdade no seu reino.
Todo mundo sabe como Lula detesta más notícias e como seus assessores vivem tentando evitar situações constrangedoras. Isso é algo em comum que ele tem com outro colega famoso, George W. Bush. Este ainda tem coragem de enfrentar jornalistas. Lula foge de coletivas como o diabo da cruz. À força de tentar protegê-lo de ataques eu imagino que Lula deva viver numa névoa de embromação eterna fabricada por seus assessores. Só o levam onde sabem que será aplaudido. Só lhe contam o que sabem que vai agradá-lo. Transformam todas as más notícias em intrigas da oposição. Só o deixam falar no microfone se ninguém for contestá-lo. Não me admira que o homem nunca saiba de nada.
Mas os cenários começaram a tombar lá no Maracanã. Aquela vaia (aquelas seis vaias de 70 mil pessoas) foi a primeira ocasião em que Lula pode olhar para fora da bolha protetora que lhe cerca. E depois a passeata em São Paulo, e outras vaias no Nordeste e em Cuiabá...E os cenários vão tombando, e os assessores dizendo que é a oposição, que são os ricos...Mas uma hora Lula vai perceber que é um rei de baralho, que não sabe de nada e não reina sobre nada. E como a Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas vai se desesperar e sair gritando: Cortem-lhes as cabeças, cortem-lhes as cabeças!!!

Goya, the Black Paintings











By Francisco José de Goya y Lucientes

Appeal to President Lula and ruling party chief over media hostile move


2.08.2007
To President Luis Inácio Lula da Silva and Ricardo Berzoini, president of the Workers’ Party.

Dear Sirs,

Reporters Without Borders is concerned about the consequences of a resolution passed by the Workers’ Party (PT) national executive on 31 July encouraging party officials and supporters to oppose “the major offensive by the right and their media allies against the party and government.” Gleber Naine, the party’s communication chief, mentioned TV Globo and daily newspapers Correio Braziliense, O Estado de São Paulo, O Globo and A Folha de São Paulo as “playing the opposition’s game as never before.”
The resolution seems to us ill-conceived and untimely. The privately-owned media criticised President Lula and his government when he came to power but relations have since improved. The media outlets mentioned have also criticised opposition politicians for corruption, abuse of power and fraud.
Just before last October’s general elections, reports of PT members trying to buy forged documents to smear opposition candidates led to reprisals against the media by party activists. Other parties have also been involved in abusing and physically attacking the media. Partisanship cannot be an excuse for such behaviour.
The PT executive’s resolution follows wide media coverage of protests after the 17 July plane crash at Sao Paulo’s Congonhas airport and of the crowd’s jeering of President Lula when he opened the Pan American Games in Rio de Janeiro a few days before the crash. Is this the same as systematic criticism of the authorities? Should the media have not reported these events? Can it be blamed for the public discontent and anger caused by the crash?
Reporters Without Borders appeals for calm and hopes your wisdom will prevail. The party resolution is ominous, unworthy of a democratic party and can only make things worse. It should be dropped.
Respectfully,

Robert Ménard Secretary-General

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