Tuesday, March 24, 2009

Carros

Em um destes dias de chuva na capital paulista, imagens de helicópteros no programa do Datena mostravam algo que estava muito próximo do que meu irmão chama de O Congestionamento Final, the Big One, aquele onde o primeiro carro encontra o último, a malha se fecha para sempre e ninguém mais se move.
Com a economia crescendo nos últimos anos, uma parte significativa da população, no Brasil e em outros países emergentes conseguiu finalmente ter acesso a um carro. A Índia está lançando agora o Tata Nano, o carro pop de R$ 5.000. Para quem sempre andou de bumba ou de bicicleta deve ser uma maravilha poder um dia sentar em um carro novo, mesmo que seja um Tata.
O beautiful people que andou de carro desde sempre queixa-se do volume de carros e motos baratas invadindo a rua todos os dias. Já me disseram que 600 novos carros são licenciados por dia na cidade de São Paulo. Agora imagine quando começarem a vender o Tata Nano por aqui.
Pode-se condenar alguém por preferir andar de carro do que de mobilete ou bicicleta pronto a ser esmagado em cada esquina, ônibus levando horas para ir e voltar do trabalho, fora os assaltos?
Vamos proibir os pobres de comprarem carros para não poluir ou piorar o tráfego?
Em uma perspectiva mais globalizada, é o mesmo pensamento desses europeus querem que africanos, brasileiros, chineses e indianos usem energia solar e moinhos de vento, ou que parem de comer carne porque vaca dá efeito estufa (o que é mentira by the way), e que vêm falar de preservação ambiental quando eles mesmos já destruíram quase todas as florestas que tinham.
É claro que nesse ritmo São Paulo vai parar uma hora. E olhando o trânsito 95% dos carros têm um só mané dentro, xingando todos os outros. Mas a solução não está em maldizer quem finalmente pode comprar um carro, mas em desinchar a metrópole incentivando pólos industriais en outras cidades, em melhorar o transporte urbano e a segurança.
Do mesmo modo não se pode combater o aquecimento global impedindo que as regiões mais atrasadas do planeta se desenvolvam. Precisamos é pensar e planejar. Engenharia em suma.

2 comments:

Lelec said...

Oi Fernando,

Você disse tudo. Investir em engenharia e no transporte público é fundamental.
Em Belo Horizonte, eu era carro-dependente. Em BH, não há transporte público de qualidade.
Em Paris, vivo muito bem sem carro. Não preciso. Só ando de ônibus ou metrô. Quando viajo, pego o trem. Viver sem carro é muito melhor, desde que se tenha boas opções.

Abraço,

Lelec

Frodo Balseiro said...

Fernando, tenho uma teoria meio (ou bastante) estapafúrdia quanto à questão do trânsito.
Acho que se deve chegar ao caos, para que então soluções comecem a acontecer. Quando o trânsito parar de vez, as pessoa começarão a tomar medidas radicais para minorar o problema.
Por exemplo, mudar de bairro, mais perto do trabalho ou da escola! Por que não?
Mudar de cidade! Por que não?
Esses são apenas dois exemplos, que não dependem dos outros, no caso, do estado e dos sucessivos governos.
O estado poderia também contribuir bastante, mas duvido que o faça!
Por exemplo, instituir o pedágio, e extorsivo. Taxar combustível nas grandes metrópoles, pesadamente, e com os recursos, investir em metro, e na melhoria do sistema de ônibus, que é uma lástima!
Você acredita que alguma dessas medidas será tomada?
Eu duvido!