Friday, October 30, 2009

District 9


Uma imensa espaçonave chega à Terra. Quando todos esperavam que ela pousasse em Washington ou Londres, ela, aparentemente à deriva paira sobre Johannesburg e ali fica por três meses sem sinal de vida.
Quando homens forçam sua entrada na nave, encontram alienígenas subnutridos e doentes. São operários sem grande apuro intelectual. Suas lideranças foram dizimadas por uma espécie de epidemia a bordo.
Uma multinacional interessada em tecnologia bélica é incumbida de cuidar dos aliens que são isolados em um campo de refugiados batizado de District 9.
Os aliens não são exatamente bons ou maus, ou dotados de algum grau superior de evolução. Parecem ao contrário dotados dos mesmos vícios, defeitos e qualidades que os humanos.
O campo transforma-se em uma favela onde o crime impera, dominada por uma máfia nigeriana que controla o tráfico de comida, bebida, armas e prostituição.
District 9 tem mil facetas diferentes. É impossível não lembrar do apartheid, especialmente quando o cenário é a África do Sul. O próprio Distrito lembra como são construídos campos para receber imigrantes na Holanda ou na Inglaterra, e a favela em que se transforma lembra as townships, os guetos, onde os negros eram isolados dos brancos em Johannesburg. As placas sinalizando “Humans Only”, ou “Non-Humans not Allowed” fazem uma alusão clara às barbaridades do apartheid e do que somos capazes de fazer com os julgamos diferentes de nós, assim como as cenas da polícia entrando ali para descer o cassetete em quem aparecer pela frente.
A cena onde os humanos entram pela primeira vez na nave, lembra as imagens da guarda costeira italiana ou espanhola abordando navios de refugiados africanos, com imigrantes miseráveis e famintos atulhados em seus porões. No filme também aparecem manifestações dos defensores dos "Non Human Rights", como aparecem defensores para tudo neste mundo.
A própria favela alienígena lembra as nossas favelas cariocas, com traficantes dando ordens, ou favelas indianas com miseráveis catando comida no lixo para sobreviver.
O próprio filme inova misturando um estilo de documentário coletando depoimentos de envolvidos com cenas de violência brutal.
Longe do estilo filosófico e estilizado de Matrix, Distrit 9 lembra mais o estilo de Alien, Robocop e Blade Runner. É com certeza o mais inventivo e inovador filme de ficção científica que apareceu na última década.
O cinema sul-africano, com Neil Blomkamp, o diretor, e o desconhecido Sharlto Copley, o protagonista, tem com certeza um futuro brilhante pela frente.
Copley no filme faz Wikus van de Merwe, um burocrata sádico, chato e almofadinha que vai ser a vítima de contaminação por DNA alienígena, e assim sentir na pele o que o outro sofre, o que mostra ser a única saída para se livrar dos preconceitos.

1 comment:

Lelê Carabina said...

Este filme me chamou atenção, mas verei só depois que tiver o bebê, agora só estou vendo coisas bem leves! rsrs