Monday, September 01, 2008

A revolução oculta


Vivemos tempos perigosos. E não estamos nos dando conta.
Raciocine comigo amigo leitor, amiga leitora:
Você tem medo de sair às ruas porque pode ser a próxima vítima da violência que toma conta das nossas cidades, uma imensa parte dela fruto do crime organizado ligado ao tráfico de drogas. Mui suspeitosamente, nossos traficantes são tratados como vítimas da desigualdade social, como se todo pobre estivesse já de nascença condenado ao crime. Por outro lado a legalização e o consumo de maconha e cocaína é celebrizado entre o beautiful people intelectual, enquanto os fumantes de tabaco são relegados à condição de párias da sociedade.
Agora o governo vai atacar as bebidas, e depois os alimentos altamente calóricos. Daqui a pouco teremos agentes em nossa casa vigiando o que podemos ou não comer e beber. Tudo pelo nosso bem.
Párias também são os católicos, os que defendem a família, e que daqui a pouco poderão ser colocados todos na cadeia por uma legislação que vai condená-los por homofobia. Também os que são contra o aborto são sumamente tachados como reacionários e obscurantistas medievais. Agora querem o aborto dos anencéfalos. Daqui a pouco será o aborto de forma geral. E depois a eutanásia. Tudo pelo humanismo. Depois virão os deficientes físicos e mentais. Porque não se é para livrá-los do sofrimento? Tudo no melhor estilo eindlosüng...
Com os sistemas de cotas racias, negam a Constituição que diz que a lei é igual para todos. Agora, alguns são mais iguais que os outros. As cotas atendem a minorias barulhentas sedentas de poder e privilégios, mas foram consideradas ineficientes por países que já fizeram a experiência. E criam um apartheid onde o que existia antes era uma nação orgulhosa de sua mestiçagem.
Vivemos em um estado policial onde até nossos juízes do Supremo Tribunal são grampeados com escutas telefônicas. Nosso Ministro da Justiça, diz que não tem jeito, e que precisamos tomar cuidado.
A imprensa é cerceada, vigiada. Nunca antes na história deste país um governo hostilizou tanto a imprensa, e tentou tanto controlá-la. Tentou censurar a programação das tv's e criou ainda sua própria rede de televisão, que ninguém assiste. Agora tenta também re-estatizar a telefonia. Quer o controle das telecomunicações. Quer re-estatizar outras empresas outrora privatizadas. A máquina incha sem parar, e os gastos públicos aumentam mais do que suas receitas.
Nas escolas, nossas crianças são doutrinadas por livros didáticos e professores que em vez de ensinar português, matemática e geografia preferem focar sua atenção para as lutas de classe e em apontar todos os males do mundo como culpa do capitalismo e dos americanos, como escancarou a reportagem da Veja na semana passada.
No campo, os que produzem a comida que temos à mesa todos os dias são tratados como cães. Fazendeiro virou uma palavra horrível, denunciando alguém arrogante, rico e reacionário. Mas o cidadão comum desconhece o fato de que a produção agrícola e pecuária no Brasil ocupa um terço das terras totais disponíveis, enquanto os dois terços restantes estão paralisados como reservas indígenas, ambientais, assentamentos do MST e quilombolas. E mesmo assim a pressão continuam para que os fazendeiros cedam ainda mais terras. O estado ignora os conflitos agrários, e quem perde sempre são os que produzem.
Áreas outrora férteis e promissoras como várzeas e montanhas que poderiam ser usadas para a produção de arroz ou café já não podem mais ser exploradas por decretos ambientalistas.
Nossas fronteiras, em vez de protegidas e vigiadas pelos nossos militares são doadas a tribos e ONG's que não querem outra coisa a não ser esquartejar o território nacional.
Nos tribunais, juízes seguidores do tal "Direito Achado no Rua", uma imbecilidade surgida no forno ideológico da UnB, em vez de seguirem a lei tentam fazer justiça em prol dos mais fracos, mesmo se os mais fracos forem criminosos, traficantes ou invasores.
Estamos assistindo impávidos a um país sendo despedaçado, incapaz de controlar vastas porções de seu território nos campos e nas cidades. Seus produtores de alimentos são humilhados todos os dias, seus protestos ignorados. A lei virou uma referência flexível, passível de inúmeras interpretações, condicionada ao contexto social. Nosso direitos constitucionais são relativizados.
As vítimas de um roubo por exemplo, mesmo as que trabalham e pagam impostos tornam-se culpadas pelas desigualdades sociais. E todo mundo acredita nisso.
Gramsci venceu. Os tentáculos da revolução estão por toda parte, na mente das pessoas, nas artes e na mídia, nas páginas dos jornais, no governo, na cidade, no campo e nos tribunais. Sem barulho, sem sobressaltos, a revolução oculta começou. Esse kraken vermelho, gigante, onipresente, está nos agarrando e nos levando para o fundo.
É o começo do fim.

4 comments:

Anonymous said...

Vejo que vc está indignado, frustrado, e com toda razão. Eu comungo da sua opinião, aliás, vc bem sabe que és para mim um exemplo, sou sua fã incondicional.

Mas quero lhe contar um acontecido, e espero que ele te ajude a ter esperanças de um futuro do bem, ok?!

Outro dia o meu filho de dez anos, chegou perto de mim com a apostila da escola em mãos e com os olhos enormes, cheios de lágrimas (igualzinho ao do Bob esponja quando está triste) e me relatou:

-Mamãe, vou tirar nota ruim em Geografia e História, pois tenho que responder várias questões da apostila, valendo pontos, e não estou conseguindo, porque sei que tudo que está escrito é mentira, e qualquer resposta verdadeira que eu dê, não vai estar de acordo com o que está ensinando na apostila, então, ou eu respondo do jeito que eles querem e tiro nota boa, ou respondo do meu jeito e tiro zero. E de verdade mamãe, eu prefiro tirar zero...
Diante de tal situação,eu, querendo proteger meu filho, respirei fundo, busquei o meu ser altruísta e diplomático e o ajudei a responder as questões. A seguir transcrevo duas das questões e suas respectivas respostas:

1) Qual semelhança existe entre os Sem Terra e os Índios do nosso país? O que eles buscam em comum?
Resp: São pessoas que buscam direitos, desrespeitando o direito dos outros.

2) Vc acha que o Brasil foi "descoberto" ou invadido?

Resp: Acho que o nosso país foi colonizado. Mal colonizado.

Também compareci à escola e convidei a turma dele de 42 alunos para virem passar uma tarde aqui comigo na Fazenda...

Foi ótimo!!!Fiz muito mais sucesso que a apostila e ainda entreguei aquele seu texto "orgulho de ser brasileiro" lembra?

Eles são meus fãs, essa parada eu ganhei!

Bjs Fernando!

Lelec said...

Olá Fernando,

Concordo com quase tudo o que você falou, pois os problemas que você apontou são mesmo incontestáveis.

Mas há algo que me chamou a atenção: você disse que "católicos são párias no Brasil".

Católicos e outros cristãos são párias no mundo islâmico e na China comunista, onde são mortos e silenciados com crueldade, como cães raivosos.

No Brasil, os católicos são 75% da população. A Igreja detém muitas e importantes instituições de ensino, além de rádios e TVs. Dispõe de amplos meios de divulgação de suas idéias. Há católicos em todas as instâncias do governo e da iniciativa privada. Outras fés cristãs (como os evangélicos e os protestantes históricos) também têm voz no Brasil. Sinto muito, isso não é ser PÁRIA. Os católicos são párias sim: na China e no mundo islâmico. Não no Brasil (FELIZMENTE, AINDA BEM!).

Abraço,

Lelec

Alma said...

Meu caro Lelec,
Os católicos podem ser maioria no Brasil, e não são párias desde que fiquem com a boca fechada.
a partir do momento em que expressam sua opinião do ponto de vista religioso sobre temas de interesse social são imediatamente tachados de reacionários e medievais. São párias do debate político nacional.
Você diria que Estado e Religião tem que ser separados, no que concordo plenamente. Mas todos, inclusive católicos e muçulmanos tem o direito de opinar democraticamente sobre os rumos da sociedade onde vivem.

Lelec said...

Olá cher Fernando,

Obrigado por me responder. Sua polidez e disposição a debater são exemplares.

Insisto no meu ponto: os católicos têm amplas possibilidades e liberdades para divulgarem suas idéias no país. Não são coagidos ao silêncio, sob risco de ridicularização cruel. Os católicos no Brasil "têm amplo direito de opinar democraticamente sobre os rumos da sociedade onde vivem."

Certamente, sofrem a crítica do "obscurantismo", etc e tal. Mas sublinho: isso não tolhe em nada o direito que têm de se manifestarem, não reduz em nada seu espaço no debate democrático. Não há um único exemplo de debate nacional em que os católicos não tenham participado. Em assuntos como aborto, direitos civis de homossexuais, eles nunca foram impedidos de dar sua opinião.

Foram duramente criticados em suas posturas? Sim, muitas vezes. Isso faz parte do debate aberto.

Vale lembrar, há também católicos agressivos no linguajar, sobretudo quando se referem a pentecostais ou a homossexuais. As críticas duras vêem de parte a parte (o que é muito bom, sinal de saúde democrática).

Fazem piadinhas com católicos? Sim! E também com kardecistas ("tudo macumbeiro"), com ateus ("seres sem coração"), com judeus (todos financistas gananciosos).

Há também críticas aos evangélicos: todos fanáticos e liderados por pastores inescrupulosos. No colégio e na faculdade, foi complicado que meus colegas entendessem que eu era presbiteriano, denominação protestante que nada tem a ver com Edir Macedo. Muitos se recusavam a entender. Já ouvi coisas do arco da velha (como: "evangélico odeia Maria"), acredite.

Mas nunca disse que meu direito de participar no debate tivesse sido cerceado por manifestar opiniões "presbiterianas". Nunca falei isso porque isso simplesmente não é verdade no Brasil atual.

Defender uma posição, seja na religião ou fora dela, implica em estar disposto a ouvir críticas, muitas delas extremamente pesadas. Quem fala tem que estar disposto a ouvir e a entender que, nem sempre, será a sua opinião que prevalecerá.

E, sobretudo, implica em entender que, se sua opinião não vencer, isso não é necessariamente um sinal de que seu grupo religioso está sendo vilmente agredido e ridicularizado.

Abraço,

Lelec