Um pelicano rosa foi visto este verão em Texel, ilha holandesa no mar do Norte. Pode parecer um fato pitoresco aos olhos dos turistas, mas pelicanos rosas nunca apareceram antes no mar do Norte, eles raramente passam longe do Mediterrâneo.
Ontem fui ao cinema ver o filme de Al Gore, “The Inconvenient Truth”. Bem, o filme como diversão não serve (talvez como filme de terror), mas é uma excelente aula. Desde que perdeu as eleições presidenciais para George W. Bush, Al Gore voltou a se dedicar ao tema que lhe era caro desde os tempos do Senado, o aquecimento global. O filme em forma de documentário mistura cenas das palestras de Gore ao redor do planeta com cenas de suas memórias. O fato é que o homem é convincente o bastante quando fala, e o que ele fala tem uma base científica sólida o bastante para deixar apavorado quem assiste o filme.
As imagens de computador mostram lentamente o nível das águas dos oceanos subindo enquanto a temperatura do planeta sobe, engolindo as ilhas do Pacífico, a Flórida, Manhatan, São Francisco, Shangai, e obviamente a Holanda inteira, o país mais baixo do mundo...E minha casa fica a 6 metros abaixo do nível do mar. É para dormir tranquilo?
Ao mesmo tempo o clima começa a ficar cada vez mais biruta. Nunca tivemos tantos furacões e tufões como no ano passado. Até Santa Catarina viu um de perto ano passado, algo inédito no Atlântico Sul. Fora isso, inundações na Índia, China e Europa e seca excepcional em outros lugares. Epidemias de doenças favorecidas pelas ondas de calor. Extinções de espécies em uma escala nunca antes vista. A lista de desastres é imensa.
James Lovelock, cientista inglês autor de “A Hipótese Gaia” e do novo “A Vingança de Gaia” deu uma entrevista à Veja na semana passada. Suas previsões não são muito mais otimistas do que as de Al Gore. Segundo ele, daqui a 40 anos o planeta será quente e seco. Até o fim de século 80% da população mundial vai desaparecer e só áreas nas montanhas e nos pólos serão habitáveis.
Lovelock acredita que não há volta no aquecimento, a não ser que todos os países adotem hoje usinas nucleares como fonte de energia.
Al Gore acha que dá para fazer muita coisa antes que o pior aconteça. Veja em www.climatecrisis.net e www.fightglobalwarming.com.
Em 1953 a Holanda sofreu a última grande inundação de sua história. 1.835 pessoas morreram e 70.000 foram evacuadas, 200.000 hectares de terra ficaram embaixo d’água. Depois disso eles investiram bilhões de euros em diques e comportas com a mais avançada engenharia hidráulica do planeta para que a Holanda ficasse protegida de inundações por mais alguns milhares de anos. Em um dos diques há uma placa com os dizeres. Hier gaan over het tij, de wind, de maan en wij" (Aqui, a maré é comandada pelos ventos, pela lua, e por nós). Eu não sei se a engenharia holandesa estava preparada para o derretimento das calotas polares, mas se eu fosse eles prestaria mais atenção no pelicano rosa. Ele pode ser o arauto do apocalipse.
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5 comments:
Fernando adorei sua visitinha, viu? Obrigada! Quanto as previsões, pior é que estamos começando a ver algumas coisas que nos deixam em alerta mesmo. O homem está destruindo a si mesma e a natureza.
Que sua semana seja maravilhosa! Fique com Deus! Volte sempre!
Bjs.
fernando, realmente inquietante. Será que precisaremos completar a destruição do nosso próprio planeta, antes de percebermos o que fazemos?! :( Abraço grande
Li a entrevista na Veja e gostei do que o cientista disse. Mas vale lembrar que por outro lado existem duas correntes: a que defende que o planeta vem passando por transições climáticas ao longo de milhares de anos e esta vez, nada mais é do que uma nova mudança e portanto é um processo natural. E outra, que não crê na previsão de efeitos trágicos (portanto o governo americanos deciciu "segurar" a assinatura de Kyoto).
Enfim, não temos como saber, como sempre. Então, não custa nada dar uma mãozinha. Acho que em termos de conscientização, os ingleses dão um banho. Cada indivíduo faz sua parte, mesmo sabendo que não representa nem um grãozinho neste universo que é a Terra.
Realisticamente falando, acho que atingir este grau de consciência em países em desenvolvimento - grandes responsáveis pela emissão de gases - vai ser uma tarefa árdua. Acho que filmes, documentários e o que for preciso podem ajudar a criar uma corrente que vai acabar atingindo as partes menos favorecidas e quem sabe, conseguiremos amenizar um pouco, ou pelo menos adiar, o mal maior.
Paula
Bem, os ingleses já fizeram o relatório analisando os custos do aquecimento global...Agora que chegou no bolso do pessoal acho que eles vão prestar mais atenção no problema...
Por mais sério que seja o assunto, acho que o Pelicano Rosa não é nada perto de nossa "tartaruga em cima do poste".
Lembra da piadinha???
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