Sunday, February 26, 2006

06/05

Assisti ao filme 06/05, o último realizado pelo diretor holandês Theo van Gogh. O filme, interessante aliás, mostra uma suposta conspiração entre politicos e empresários poderosos para matar, ou deixar morrer, o politico Pim Fortuyn, com a conivência do serviço secreto holandês. O interessante para mim é o paralelo que se pode traçar entre os destinos trágicos de Pim Fortuyn e de Theo van Gogh.
Pim Fortuyn, um político cuja carreira meteórica o levou à condição de líder do maior partido de oposição na Holanda era homossexual, populista, defendia o controle da imigração e outras políticas associadas à extrema direita, rótulo que recusava. Foi assassinado com 6 tiros em 06 de maio de 2002 por um eco-terrorista holandês, por razões ainda não completamente esclarecidas, embora Fortuyn gostasse de usar casacos de pele e elogiar a caça como esporte.
Theo Van Gogh, sobrinho longínquo do pintor, costumava se autodenominar de “dorpsgek”, o doido da vila. Em seus filmes, artigos e entrevistas gostava de constestar o senso comum da sociedade holandesa. Em um dos seus filmes, uma mulher aparece nua com versos do Corão pintados sobre seu corpo. Chamava os islamistas, por sua ignorância e atraso intelectual, de geiteneukers (numa tradução light, aqueles que fazem amor com cabras). Foi assassinado em 02 de novembro de 2004 a facadas por um marroquino, um fanático islamista, nas ruas de Amsterdam.
Ambos, Pim e Theo eram defensores do direito à liberdade de pensamento e expressão, e por esse simples motivo merecem minha admiração. Ambos bateram de frente com a estupidez de fanáticos, corroborando a tese de que todo fanatismo é burro, seja qual for a causa.
Alguém que defende fanaticamente o direito dos animais acabará concluindo que a vida humana vale menos ainda do que a dos bichos (vide os eco-terroristas que explodem carrinhos de hambúrguer na Inglaterra). Alguém que defende fanaticamente o Islã acha que a Sharia vale mais do que as leis do país que o acolheu.
Escrevo isso enquanto o Hamas acaba de ganhar a eleição na Palestina, projetando fanáticos que deveriam estar presos à liderança de um estado. A paz não terá chance face à intolerância, meu otimismo acabou. Como disse aquele comandante na Guerra Civil Espanhola : Abajo la inteligencia. Viva la Muerte !

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