Sunday, February 26, 2006

Crime Delicado


Fui ao Festival de Cinema de Rotterdam e assisti ao filme de Beto Brant: Crime Delicado.
O clima de Festival propicia assistir a filmes mais, digamos, alternativos. Mas gostei do filme de Brant, principalmente por misturar na tela o cinema, teatro, literatura e pintura. Faltou um pouco de música só. O filme mostra um crítico de teatro, que segundo as próprias palavras de Antonio, personagem de Marcos Ricca, vivia a vida na terceira pessoa, com um olhar esterilizado sobre o mundo e seus habitantes. Até o dia que uma mulher, Inês, completamente fora de seus padrões pré-estabelecidos o desnorteia completamente, a ponto dele perder a cabeça.
É isso aí, não importa quanto a sua vida seja segura, ninguém está imune a um ataque súbito de paixão... Vale a pena dar uma olhada nos quadros de Felipe Ehrenberg, o José Campana que no filme forma o triângulo com Inês e Antonio. No mínimo são perturbadoramente intrigantes: http://www.ehrenberg.art.br/
O único problema é a pretensão de cineastas brasileiros em serem cult. Intelectuais deveriam saber se aproximar mais no público. Um filme que quer arte, cult, com planos longos, espaços de silêncio contemplativo, cenas em preto e branco intercaladas com as coloridas, fotografia escura, tudo isso acaba entediando o espectador.
A julgar pelos tipos que estavam na festa depois do fim do Festival, são mesmo aliens em terra incognita. Ou serei eu o alien? Vai chegar um dia em que “intelectuais”estarão tão desligados do público que ninguém mais os entenderá, terão que voltar ao planeta de onde vieram. Caetano Veloso já está na fila do disco-voador.

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