Sunday, February 26, 2006

Colors II


Eu entendi plenamento o sentido da palavra globalização uma vez em meu trabalho. Minha empresa participou de uma e-auction, um leilão virtual para ganhar um certo contrato de fornecimento de uma fábrica de alimentos. Minha empresa está na Holanda. A empresa que organizou o leilão estava nos Estados Unidos. Nosso cliente estava na Inglaterra, mas sua fábrica é no interior da França. E meus fornecedores estavam no Brasil e na Tailândia.
Paradoxalmente, no nosso mundo hoje, dinheiro e mercadorias não conhecem fronteiras. Pessoas sim. Temso que ter visas, pedir permissões, pagar taxas, nossos movimentos são estritamente controlados e às vezes até proibidos.
Que coração fica indiferente ao ver imagens de imigrantes africanos chegando em precárias balsas nas praias espanholas e italianas depois de comerem o pão que o diabo amassou atravessando o Mediterrâneo? Ou cubanos chegando à Flórida? Ou ainda aqueles que foram achados congelados agarrados ao trem de pouso de Boeings? Ou asfixiados entre cargas de caminhões?
Mesmo assim, com os transportes e os meios de comunicação de hoje, é muito mais fácil conhecermos pessoas de todo o mundo. Me comove quando encontro casais de pessoas de raças diferentes, nacionalidades diferentes, religiões diferentes. Além dos desafios naturalmente inerentes a um casamento, ou relacionamento, ainda existem barreiras culturais imensas a serem superadas, e é preciso muito amor para aguentar o tranco.
Acredito firmemente que um dia a globalização do comércio poderá servir para acabar com a pobreza no planeta. Ao contrário do que José Bové e sua turma nos querem fazer crer, são os países deixados de lado pela globalização os que mais sofrem com a pobreza. Os que entraram no mercado mundial são os que tem as melhores chances de se livrar dela.
Agora imagine daqui a alguns anos, surgirão gerações de mestiços de brasileiras com holandeses, loiras e africanos e quem sabe até mestiços de árabes e judeus, chineses e japoneses. Pois também acredito que, assim como a globalização da economia pode acabar com a pobreza, a globalização do amor acabará com o preconceito e a intolerância.

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